Illusion - parte 6

 - Ué, você já vai? - ouvi Neymar Pai perguntar ao descermos as escadas silenciosamente.
- É, tenho que fazer umas coisinhas em casa - sorri - mas foi um enorme prazer conhecer o senhor - falei gentilmente o Neymar Pai deu um belo sorriso. Neymar só assistia a cena calado, sem expressar nenhum sentimento.
- O prazer foi meu de conhecer uma menina tão educada como você - falou me dando um abraço e eu retribuí.
- Que nada - sorri sem amostrar os dentes e Neymar finalmente se pronunciou.
- Vamos, Megan? - perguntou. Ele parecia impaciente e irritado. Mas é claro que ele estaria irritado. Eu cortei o clima bem na hora que ele ia me beijar. Como se fosse grande coisa beijar a mim... Megan, a nerd do 2º ano que usa moletons 2 vezes maior que o próprio corpo e vive de cabelo preso. Mas isso não importa, o que importa é que desperdicei a chance de beijar o amor da minha vida.
- Vamos - respondi meio tensa. Felizmente o Neymar Pai não percebeu nosso clima e apenas se despediu de nós, logo indo para a cozinha. Acompanhei Neymar até a porta da mansão e sai de dentro da mesma, percebendo que enquanto estávamos estudando tinha caído uma leve chuva, deixando o ar fresco e úmido.
- Esqueci a chave de casa, já volto - ele falou me deixando ali nas escadas na entrada da mansão e eu resolvi ir caminhando lentamente até o carro dele, na calçada da rua, onde ele tivera deixando quando chegamos a cerca de 3 horas atrás. Obviamente ele iria ir para alguma festa ou até mesmo sair com alguma garota depois de me deixar em casa, por isso a preocupação com as chaves. Vai que ele iria chegar tão tarde e não quisesse interromper o sono dos empregados ou até mesmo de seu pai? 
Passei pelo jardim com um chafariz no centro que ficava entre a mansão e os portões enormes de entrada e observei que a grama era verdinha. Nem nos meus mais iludidos sonhos que eu conseguiria ter uma casa daquelas e um jardim tão florido como o da família Rick's. A verdade é que eu não me dou bem em relação a plantas. Uma vez ganhei uma rosa de um nerd que gostava de mim na 5ª série, e no mesmo dia dela murchou. Coitada.... Não deviam ter me dito que precisava regá-la. Isto é, eu reguei além da conta e ela morreu afogada. Pobre rosa. Fui despertada Neymar também entrar no carro e se ajeitar, se preparando pra começar a dirigir.
- Você quer passar em algum lugar antes de ir pra casa? - ele perguntou gentilmente e eu torci pra que aquele clima tenso tivesse passado.
- Não, obrigado. Só quero chegar em casa e finalmente tomar um banho - falei meio sem graça e ele riu pelo nariz.
- Porque não falou que queria tomar um banho? Nós temos roupas reservas, era só ter dito e você poderia ter tomado um banho - ele falou enquanto colocava a chave na ignição e ligava o carro. Por mais que essa ideia não tivesse passado na minha cabeça, era provável que eu só aceitaria tomar um banho na casa dele se eu tivesse altamente drogada. Não pelo fato de ser na casa de um homem, muito menos dele, mas sim, pelo fato de eu ser a pessoal mais enrolada desse mundo. E minhas roupas sujas? E minhas peças íntimas? Iria juntar tudo e colocar em uma sacola? Mas e meu cabelo? Será que ele tinha um creme de cabelo igual ao recomendado para o meu? Pois é, difícil de acreditar mas o meu nível de lerdeza era alto, muito alto.
Permaneci calada e logo Neymar deu partida no carro. Metade do caminho foi silencioso, e pensei que continuaria assim, porém, mudei de ideia ao escutar Neymar tocando no assunto na qual eu menos desejaria de falar naquele momento.
- Por que... por que você não me beijou? - ele perguntou. Pude sentir um pouco de indignação no seu tom de voz.
- Nada contra você - respondi com a voz firme, na qual fiquei o resto do dia me perguntando de onde tinha tirado tanta firmeza de uma hora pra outra - é que... você nunca entenderia - falei tentando fazer com que ele entendesse que eu não queria falar sobre aquilo, porém, se ele percebeu ou não, ele insistiu.
- Eu estava com bafo ruim ou alguma coisa assim? - ele perguntou e por um momento tirou os olhos da estrada e me fitou, logo voltou a sua atenção na direção.
- Não, nada disso, por mais que você tenha comido, seu hálito continuava refrescante - falei e tive a certeza que falei mais do que devia. Megan, quantas vezes vou ter que repetir que certas coisas você deve guardar pra si mesma?
- Então você acha meu hálito refrescante? - ele perguntou com uma voz doce e pudê perceber ele dar um sorriso de lado.
- Bom... - deixei as palavras se perderem no ar - por mais que eu não tenha muitas vezes presenciado a sua boca bem perto do meu nariz - mas que merda eu tava falando? - em todas as vezes que eu pudê sentir seu hálito, ele estava sempre com cheirinho de menta - quando terminei tive a certeza que estava super vermelha por conta da vergonha. Escutei Neymar dar uma gargalhada, percebendo a baboseira que eu acabara de falar e ele colocou a mão na minha coxa. Estremi dos dedos dos pés até o último fio de cabelo.
- Calma, não precisa ficar com vergonha, é legal saber que você acha isso do meu hálito - ele falou e mexeu suas mãos ainda em minha coxa, fazendo um movimento pra cima e pra baixo. Ele tava pensando que aquele gesto era uma forma de consolo ou sou eu que estou ficando louca? 
- Pensei que ia me achar uma idiota - murmurei para mim mesma, mas infelizmente ele escutou.
- Por mais que você seja calada, até que é uma garota legal... Conviver com você não deve ser tão difícil - ele falou olhando para mim enquanto sorria, mas logo voltou a prestar atenção na estrada.
"Conviver com você não deve ser tão difícil". Se ele soubesse o impacto que essa frase pode fazer na minha imaginação, ele nunca diria isto. Por um momento comecei a imaginar nós dois trocando carícias selvagens e palavras obscenas enquanto nossas corpos soavam por conta dos movimentos rápidos e bruscos, se é que você me entende. E no outro momento, imaginei eu andando pelo tapete vermelho em direção ao altar, onde Justin me esperava com um sorriso de terno e supras. Sim, supras. Como que seria nossos filhos? Será que eles puxariam os olhos claros do pai ou teriam o cabelo escuro igual o da mãe, no caso eu? Eu só sabia que se fosse menino seria Bernardo, e se fosse menina seria Carinne. Mas será que o Neymar iria querer ter a casa repleta de filhos, tipo uns 15? Haja nome pra colocar em cada um. Ok, Megan, você está sonhando alto demais. E em meio a essa imaginação fértil de uma vida perfeita para mim, percebi que a mão de Neymar permanecia na minha coxa, enquanto ele dirigia.
- Hum... Neymar? - chamei e ele aproveitou que tinha parado no sinal para me olhar.
- Fala - falou com um sorriso. Olhei para ele e logo olhei para sua mão em minha coxa, percebendo ele acompanhar meu olhar. Imediatamente ele retirou sua mão e falou em um tom meio confuso e envergonhado - desculpa, eu esqueci... É o costume.
Okay, isso não foi algo agradável de se ouvir. Um dia ainda mato essas vadias que ele tanto anda.

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- É aqui - falei quando Neymar passou com o carro em frente a minha casa. Logo ele parou o carro e se inclinou para ver melhor como era a minha residência.
- Aqui? - ele perguntou, mas por mais que tenha tentando achar, não percebi nenhum expressão de nojo ou de superioridade. Felizmente, Neymar não achou que eu fosse uma pobretona, pelo fato de ele morar em uma mansão e eu em uma.... casa velha.
- É - falei e sorri sem amostrar os dentes. Fui abrir a porta do carro para eu sair, porém, uma mão segurou meu braço. Virei-me e encarei Neymar que me segurava apreensivo.
- Será que eu... poderia... usar seu banheiro? - ele perguntou e eu apenas assenti, por mais que não tivesse raciocinado muito. Ele não devia gaguejar, e sim, falar logo. Meu coração é fraco e não aguenta certas palavras vindas dele - valeu, eu vim a metade do caminho com vontade de ir ao banheiro - ele falou enquanto tirava os cintos de segurança. Era impressão minha ou ele estava falando aquilo como se fosse uma desculpa?
Sai do carro sendo acompanhada por Neymar,  que logo trancou e adentramos a minha casa. E sim, eu tive MUITA vergonha. A maioria dos móveis eram velhos, o que parecia que a casa era abandonada. Porém, pareceu que Neymar não reparou muito nos cômodos. 
- O banheiro é lá em cima - apontei para as escadas e ele assentiu sorrindo e subiu as mesmas. Logo, subi depois dele, porém fui no quarto de minha mãe.
Bati na porta e entrei, vendo ela deitada, como sempre, assistindo TV.
- Hey, mãe - falei e ela me fitou. Ela deu um sorriso e logo bateu fracamente com o braço na cama, pedindo que eu sentasse onde ela tivera batido - fala.
- Quem está aí? - ela perguntou com a voz baixa. Por mais que ela tivesse perdido parte das forças corporais, seus ouvidos ainda continuavam bem aguçados.
- É o Neymar,  mãe - falei sorrindo. Nunca pensei que diria isto - ele veio me deixar em casa, porém pediu pra usar o banheiro.
-Neymar? - ela abriu um sorriso lindo. Há tempos que eu não via o sorriso dela tão radiante. 
Obviamente, ela sabia sobre o Neymar, já que ás vezes eu passava horas e horas com ela conversando sobre ele.
- Sim, mamãe - sorri - o Neymar de quem eu tanto falo - falei. 
Mamãe lentamente levantou o braço até sua mão conseguir alcançar meu rosto, onde ela fez carinho no mesmo.
- Tudo o que eu quero é que você seja feliz, do lado das pessoas que te façam feliz - ela falou fracamente e logo sorriu. Eu juro que quase teria chorado de emoção se não tivesse escutando batidas na porta.
- ENTRA - falei já sabendo que seria o Neymar. Quem mais poderia ser? Um ladrão?
- Ah, oi - ele falou abrindo a porta e enfiando só a cabeça pro lado de dentro do quarto - tudo bom, senhora Parker? - ele perguntou feliz e percebi que ficou meu decepcionado ao ver que minha mãe deu um sorriso fraco. Não que ela não tivesse gostado da presença dele, e sim porque ela não tinha tantas forças assim pra no caso levantar da cama, cumprimentar ele e perguntar se ele gostaria de uns biscoitos - hum... Megan, eu estou indo - ele falou dando um sorriso sem graça.
- Ah claro, eu vou te levar até a porta - falei me levantando da cama e dei um beijo na testa da minha mãe - já volto.
Sai do quarto sendo acompanhada por Neymar que me seguiu até a porta de casa.
- Bom, muito obrigado pela carona - falei enquanto me debruçava na porta e fitava Neymar parado na varanda da parte da frente da casa. Isto é, de frente para mim.
- E muito obrigado pela explicação, você seria uma ótima professora - ele falou e eu apenas sorri. Sorri fazendo questão de amostrar cada dente da minha boca. Ele sorriu de volta e eu já estava prestes a fechar a porta - MEGAN - ele gritou e eu levei um susto abrindo a porta totalmente.
- O que eu fiz? - falei espantada e ele riu de si mesmo. Ele deve ter achado que nunca teria chamado uma garota idiota ás pressas por um motivo que eu queria descobrir.
- Nada... Bom, até amanhã, na escola - ele sorriu. Ele me gritou só pra dizer isso?
- Ok - sorri de volta - até.
E antes que eu pudesse pensar em como reagiria quando encontrasse ele no dia seguinte, senti suas mãos envolvendo minha cintura e seus lábios tocando o meu, rapidamente. Nossos corpos colidiram um com o outro, por conta da rapidez que ele me puxou. Sua língua pediu permissão para entrar em minha boca e eu nem tive tempo de raciocinar, minha boca se abriu instantaneamente para que sua língua macia invadisse e travasse uma batalha com a minha língua. Nossas línguas guerreavam. E não, não era o primeiro beijo. Senti uma de suas mãos sair de minha cintura e envolver minha nuca, profundando mais o beijo. Palavras, ações, nada poderia demonstrar o que eu estava sentindo naquele momento. Era como se eu estivesse no céu, e nunca mais iria voltar. Era como um sonho. Era surreal.
Depois de um tempo nossas línguas, infelizmente, se separaram. Fitei o rosto de Neymar assim que o beijo terminou e ele continuava com os olhos fechados, porém, com um sorriso no rosto. Antes que eu sorrisse por conta da reação dele, ele abriu os olhos e me fitou, com aquelas enormes bolas cor de verde esmeralda.
- Até amanhã, Megan - ele falou sorrindo - até amanhã.
Então, ele soltou minha cintura e foi andando em direção ao seu carro. Ele deve ter olhando umas 3 vezes para trás, para me fitar, antes de finalmente entrar no carro. Assim que o seu carro partiu e ele já estava fora de alcance dos meus olhos, eu finalmente voltei a vida real.
Se a sorte estava a meu favor, o jeito era aproveitar.

4 comentários:

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- Lembre-se : Neymar é um gostosão.