Illusion - parte 7


A luz da lua iluminava parte de meu quarto. O som das folhas das árvores balançando no lado de fora dava um aspecto calmo, por mais que alguns galhos uma vez ou outra batiam na janela de meu quarto. O cheiro era de pinheiro, como sempre. O vento úmido entrava pelas janelas, balançando as cortinas. Era o momento certo para fazer algo especial. Ler um livro, pensar na vida, ou até mesmo trocar carícias com o amor da sua vida. Eu me sentia livre, completamente livre. Como se meus problemas não existissem, como se fosse só eu no mundo. Me encontrava deitada na minha cama, perto da janela, fazendo com que a lua iluminasse parte de meu rosto. Minha respiração estava controlada, assim como meus pensamentos, que foram interrompidos com barulhos na janela. Levantei meu tronco, fazendo eu me sentar na cama, apoiando meus cotovelos no colchão. Fitei a janela por um tempo esperando saber de onde vinha o barulho e vi uma pedinha batendo no vidro. Levantei por completo rapidamente e me aproximei mais da janela, tendo uma visão da rua lá fora. Abri-a e enfiei a cabeça pro lado de fora, notando que além da escuridão havia uma pessoa parada lá embaixo me fitando. Rapidamente reconheci. Era ele. O garoto dos meus sonhos. O garoto na qual eu pretendia ter no meu futuro. O garoto da minha vida. Sorri instantaneamente ao ver seu sorriso branco, por mais que fosse difícil enxergar. Em uma ação rápida, ele começou a subir na árvore que ficava posicionada bem ao lado da minha janela, que graças a alguns galhos fortes, dava pra chegar até meu quarto. Observei-o fazendo o percurso, como se fosse a coisa mais fácil do mundo, até finalmente poder ver seu rosto de perto. Afastei-me um pouco da janela pra que ele pudesse entrar pela mesma, assim feito. Assim que seus pés pisaram no chão de meu quarto, seu olhar se direcionou a mim, acompanhado de um sorriso nos lábios. Estremeci. Aquilo não parecia ser real, de jeito nenhum. Sua pessoa me fazia sentir arrepios. Era torturante o modo que eu me sentia em relação a ele. Sua mão se ergueu lentamente enquanto ele dava passos em minha direção, até finalmente seus dedos magros tocarem meu rosto, mais explicadamente, minha bochecha. Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo com seu toque. Como eu mencionara antes, aquilo não parecia ser real. Nossos corpos cada vez ficavam mais próximos, e, minha respiração cada vez ficava mais pesada.  Chegamos a uma distância tão curta que eu podia sentir seu corpo tocar no meu, o que fez eu me arrepiar mais ainda. Nossas bocas estavam tomando o mesmo rumo que nossos corpos, se aproximando cada vez mais. Antes que eu fechasse os olhos, para sentir aquele momento mais intensamente, visualizei aqueles olhos cor de mel, guardando-o em minha mente. Sua respiração estava calma, diferente da minha. E finalmente seu lábios me tocaram, revelando que não há no mundo sensação melhor que aquela. Meus ombros se relaxaram assim que sua língua invadiu minha boca deixando rastros inesquecíveis. Sua mão segurou minha nuca, aprofundando mais o beijo. Nada, além da beleza de seus olhos,  se quer passavam em minha mente agora. Caindo, era exatamente assim que eu me sentia. Caindo em um poço de pura luxúria, onde seu toque fosse apenas a minha salvação. Cada célula do meu corpo implorava para que aquilo fosse para sempre. Senti uma certa agitação e curiosa abri meus olhos. De repente meu mundo caiu. Observei aquele ser em minha frente com medo. Aquele não era o eymar, quero dizer, era, porém não era ao mesmo tempo. Seus dentes que antes eram brancos agora estavam amarelados e pontudos. Seus olhos que continham cor de ouro se tornaram um poço obscuro na cor de sangue. Sua boca levemente rosada estava pálida. Mas o que me chamou atenção foi seu sorriso. Em seu belo rosto não tinha aquele sorriso de conquistador, muito menos de felicidade. Era um sorriso de maldade, pura dor e maldade. Senti meu estômago revirar. Meu cérebro já tinha mandado uma mensagem para todo o meu corpo avisando que eu estava em perigo. O pânico subiu a minha cabeça e uma sensação ruim tomou conta de tudo. Minha respiração estava pesada por conta do medo. E antes que eu tentasse entender ou distinguir o que poderia ser aquela criatura horrenda, senti minhas costas entrarem em contato com a porta do meu quarto agressivamente. Levantei a cabeça e tive a certeza de que aquele monstro tinha me empurrado com uma tamanha força sobrenatural. Com o corpo no chão senti a criatura se aproximar de mim e se agachar ao meu lado. Sua mão que continha longos dedos com unhas compridas e sujas seguraram meu rosto, puxando-o próximo ao seu. E naquele silêncio suas palavras ficaram bem claras, quando ele disse vagarosamente em meu ouvido. "Sua iludida" foi ecoado naquele quarto por uma voz que eu tinha certeza de que não pertencia a Neymar, mas sim a criatura que ele havia se transformado. Em seguida, uma risada maléfica foi escutada como um eco. Seus dentes pontudos começaram a se aproximar de meu rosto, como se ele fosse me engolir. Cada célula de meu corpo sentia medo. E antes que eu fechasse os olhos por conta do pânico, aquele ser de outro mundo falou pausadamente e lentamente "eu não sou seu". Logo, senti uma pancada forte na cabeça e apaguei.

Acordei assustada e soando frio. Tenho que me lembrar de não comer coisas gordurosas antes de dormir. Olhei no relógio que ficava na mesinha de cabeceira ao meu lado e marcava 4:23 da manhã. Pelo jeito eu teria problemas para dormir novamente. Coloquei meus pés no chão e procurei coragem para levantar e ir até a cozinha beber um copo de água. Percebi que a janela estava aberta, deixando o quarto úmido e frio. Fechei-a, mas antes olhei para baixo lembrando de meu sonho que no final se tornou um pesadelo. Atravessei o quarto e abri a porta. Caminhei pelo corredor porém antes passei pelo quarto de minha mãe e verifiquei se ela continuara a dormir. Desci as escadas escutando meus passos naquele enorme silêncio que a casa proporcionara e fui até a cozinha. Liguei a luz e abri a geladeira pegando uma jarra d'água e depositando em um copo de vidro que estava no escorredor. Engoli a água rapidamente e guardei a jarra de volta na geladeira. Voltei ao meu quarto enquanto cantarolava baixinho e antes de me deitar pude perceber que a tela de meu celular estava acesa. Fui até o mesmo e percebi que acabara de receber uma mensagem. Destravei a tela e abri a mensagem. Era de um número desconhecido.
Oi, bom, é o Neymar  :)  Sei que já é de madrugada porém eu estava aqui fuxicando meu celular e lembrei que tinha pego seu número no seu celular enquanto você foi ao banheiro aqui em casa. Quando você acordar provavelmente verá essa mensagem, então, será que teria como eu passar ai pra te buscar e podermos ir pra escola juntos? É isso. Beijos, Ney.
Visualizei a mensagem com um sorriso no rosto e coloquei o celular de volta na mesinha de cabeceira. Deitei na cama e me cobri, ainda sorrindo. E uma coisa que eu achei que não iria acontecer, aconteceu. Eu dormi rapidamente.

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- Jess? - falei enquanto escutava alguém atender o telefone.
- Oi amiga, desculpa a demora, é que eu acordei atrasada, mas já já estou saindo de casa pra ir ai te buscar - escutei ela falando rapidamente do outro lado da linha.
- Era exatamente sobre isso que eu queria falar com você... Bem, você não precisa vir aqui me buscar não. - falei e por mais que eu estava longe dela, tinha a certeza de que ela levantou uma das sobrancelhas.
- Por que não? - perguntou.
- Neymar vai passar aqui pra me buscar e nós irmos pra escola juntos - falei meio apreensiva e pude escutar Jessie bufando do outro lado da linha.
- Ok, já que é assim, vou comer meu pão com queijo calmamente - ela falou.
- Bom... Te vejo na escola então? - perguntei pra aliviar um pouco a tensão. Eu tinha certeza de que ela estava brava comigo.
- É néh, fazer o que... - falou e desligou após eu dizer um "ok, então tchau".

Levei a maçã verde que eu estava comendo à boca novamente abocanhando-a pela última vez e joguei-a no lixo. Peguei o dinheiro da merenda e meu celular que estava em cima da bancada da cozinha, colocando-os no bolso traseiro da calça. Fui até a sala pra poder ver TV enquanto esperava Neymar, porém, antes mesmo de eu pegar o controle remoto, ouvi uma buzina no lado de fora da casa. Olhei pela janela e vi o carro de Neymar parado com ele dentro ascendo pra mim enquanto sorria. Peguei minha mochila que estava jogada no sofá e coloquei em um dos ombros. Fui até a porta principal e abri-a, saindo pela mesma e fechando. Não me importei de me despedir de minha mãe já que eu tinha a certeza de que ela estaria dormindo. Coloquei o molho de chaves no bolso e caminhei até  o carro de Neymar, abrindo a porta e entrando. Antes de fechar a porta cumprimentei Neymar com um beijo na bochecha. Com as portas travadas, ele partiu com o carro em direção a escola.

Assumo que o caminho foi meio silencioso, já que eu não tinha muito assunto e disposição pra conversar com ele. Apesar das poucas palavras que trocamos, a carona até que foi agradável, confesso. Neymar mesmo percebendo minha indisponibilidade de conversa continuou sorrindo e sendo gentil o caminho todo. E essa tal atitude dele me deixou mais apaixonada ainda.

Ao chegarmos na escola todos os alunos que estavam no estacionamento, sem exceção, olharam para nós indignados e curiosos. Mas é claro que tiveram motivo pra olhar. Nunca pensaram que o garoto mais bonito do universo daria uma carona pra uma... ninguém.

Sim, é isso que eu sou. Uma ninguém.

E eu confesso que até eu me surpreendi com a longitude das coisas. Tipo, é meio surreal, não? Sendo ou não, eu me senti completamente um E.T.
Nunca tinha recebido tantos olhares de tantas pessoas na vida, exceto nas vezes que paguei o maior mico, como escorregar no suco de uva derramado no chão e derrubar minha bandeja de comida toda em cima de mim, como aconteceu no refeitório da escola há uns 2 anos atrás. E sim, eu fiquei chorando de vergonha a tarde toda.
Mas chegar na escola com o garoto dos meus sonhos, sem contar que ele é o mais desejado pelas piriguetes e não-piriguetes, é algo totalmente inacreditável. Nunca imaginei que isso aconteceria, com exceção de meus sonhos, óbvio.

Adentrei a escola com o braço de Neymar envolvendo meus ombros e novamente eu fui alvo de olhares curiosos. Mas não culpei ninguém pela curiosidade. Se era difícil para eu acreditar, imagine eles? 
Aproveitei o fato de o Neymar ter parado pra conversar com os amigos, que fizeram a mesma coisa que os outros alunos no fato de tentar entender a nossa situação, e me livrei de seus braços, fugindo dele rapidamente sem ele perceber. Graças.
Andei apressadamente até meu armário e peguei o material para a minha primeira aula. Seria Ed. Física, e adivinha? Neymar teria a mesma aula que eu.
Porém eu sempre fico sentada na arquibancada apreciando os jogadores, ao invés de colocar aquele mini short, que era o uniforme, e ficar correndo de um lado pro outro igual as patricinhas que só faziam isso pra chamar atenção dos garotos com seus gritinhos aterrorizantes que elas davam a cada vez que a bola vinha na direção delas.
Me sentei na arquibancada na mesma região de sempre, no final da quadra, longe de todos. Peguei meu celular e conectei o fone de ouvido no mesmo, colocando "I'm Not Afraid" do Eminem pra tocar. Enfiei minhas mãos nos bolsos do moletom e apoiei minha cabeça na parede, já pensando no belo cochilo que eu iria dar. Mas antes que eu pudesse ter um palpite do sonho da vez, senti alguém me sacudir e tirar os fones do meu ouvido.
- Ei, Megan - escutei aquela voz que eu reconheceria a quilômetros de distância.
- Sim? - assenti enquanto olhava Neymar em pé ao meu lado.
- Que tal uma partida de basquete? - perguntou com um sorriso e eu entrei em pânico.
- Acho melhor não - falei nervosamente e ele deu uma risada e se agachou, colocando a mão em meu ombro.
- Vamos, por favor - ele pediu sorrindo lindamente. Era impossível recusar algo vindo dele,
- Ta bom - sorri sem amostrar os dentes e me levantei, tirando a música do celular e enfiando o mesmo com o fone de ouvido no bolso da calça.
Com a companhia de Justin fui até o centro da quadra onde estava a maioria do povo da minha sala. Os alunos, principalmente Thifanny, me encararam com um certo... nojo. Ignorei e percebi que Neymar tinha feito o mesmo.
O professor passou as regras e o jogo começou. Eu fiz o máximo pra correr da bola, assim não teria que mexer meu corpo. Eu parecia uma lesma no meio da quadra.
- Vamos, se mova - Neymar gritou pra mim como se tivesse me motivando a jogar.
A bola, infelizmente, foi parar em minha direção e graças ao meu bom reflexo eu agarrei. Arrependida, eu não sabia se passava a bola para alguém ou tacava na cesta localizada acima de mim, enquanto todos corriam na minha direção. Então, não vendo saída, arremessei a bola para o alto e BAM. Cesta. As garotas olharam para mim como se eu tivesse acabado com a festa delas, o que eu não entendi, já que eu era do time delas. Dos garotos eu recebi alguns elogios como "boa jogada" ou então "é isso aê, direto na cesta". Bom, e do Neymar .. Eu recebi um abraço. Sim, um abraço.
- Eu sabia que você era boa no basquete - Neymar falou enquanto estávamos abraçados.
- Mas eu não sou boa no basquete... Não é só porque eu fiz uma cesta que eu seja boa - falei tentando não ser meio... grosseira.
- Acredite, você é boa. Eu jogo basquete com essas garotas há um bom tempo e na boa, eu nunca vi elas se quer conseguirem ficar com a bola nas mãos por 5 segundos - Neymar comentou em um tom engraçado e eu ri.
- Nossa - falei e ele me soltou de seus braços.
- Que decadência - ouvi o comentário de Thifanny antes mesmo que Neymar e eu voltássemos ao jogo.
- Desculpa, mas você falou alguma coisa? - Neymar que estava indo ao centro da quadra, parou e voltou aonde estávamos.
- Sim - ela falou séria - eu disse "que decadência" - Thifanny fez questão de dar um ênfase, o que fez Neymar arquear uma sobrancelha - nunca pensei que você abaixaria tanto seu nível a ponto de sair com essa ai - falou e deu um olhar de desprezo pra mim. Com certeza alguma cobaia dela já tinha lhe dito sobre eu e Neymar ermos chegado a escola juntos.
- Considerando o fato de que eu já sai com você, acho que sair com a Meg é uma melhoria no meu talento de escolher garotas - Neymar disse sério e pude perceber Thifanny ficar meio alterada, ainda mais quando Neymar me chamou de "Meg".
- Você acha que essa ninguém chuparia seu pau melhor do que eu? - Thifanny rebateu e escutei uivos do pessoal que observava a "discussão".
- Primeiramente, essa "ninguém" - Neymar deu ênfase - tem nome e é Megan. E segundo, Meg não seria tão baixa a esse ponto, ainda mais de ter orgulho de falar isso alto - Neymar disse e mais uivos foram ouvidos. 
- Claro que ela nunca falaria, já que nunca teve a experiência de ir pra cama com você. Aliás, nem com você e nem com ninguém - ela falou e eu me senti totalmente humilhada por dentro. O povo não parava de uivar.
- Se teve ou não, isso não é da sua conta - Neymar disse firme.
- Dá pra perceber de longe que essa pirralha é virgem - ela falou rindo.
- Eu não sei se ela realmente é, porém, se eu fosse ela teria orgulho de chegar aos 16 sem dar pro primeiro que vê, que é o seu caso, Thifanny - Neymar rebateu com um sorriso irônico no rosto e os uivos aumentaram.
- Não acho que você realmente teria coragem de ter algo com essa daí - Thifanny tentou mudar de assunto vendo que se continuasse seria mais humilhada ainda.
- Por que não? Megan é uma garota excelente. Tem bons modos, é gentil, inteligente e um monte de coisas que eu não irei falar, já que isso não é do seu interesse - Neymar falou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
- É repugnante a ideia de você ficar com a garota mais patética da escola, então, eu prefiro não acreditar - Thifanny falou com uma das sobrancelhas arqueadas e Neymar deu uma risada com um tom indignado.
- É tão difícil de acreditar nisso? - Neymar disse e em um puxão pelo braço, me agarrou e me beijou na frente de todos que estavam ali presentes.
Sim, ele me beijou. Simples assim.
E acredite, por mais que eu talvez tenha consequências depois daquilo, aproveitei.
Não era todo dia que eu era beijada pelo amor da minha vida.

Illusion - parte 6

 - Ué, você já vai? - ouvi Neymar Pai perguntar ao descermos as escadas silenciosamente.
- É, tenho que fazer umas coisinhas em casa - sorri - mas foi um enorme prazer conhecer o senhor - falei gentilmente o Neymar Pai deu um belo sorriso. Neymar só assistia a cena calado, sem expressar nenhum sentimento.
- O prazer foi meu de conhecer uma menina tão educada como você - falou me dando um abraço e eu retribuí.
- Que nada - sorri sem amostrar os dentes e Neymar finalmente se pronunciou.
- Vamos, Megan? - perguntou. Ele parecia impaciente e irritado. Mas é claro que ele estaria irritado. Eu cortei o clima bem na hora que ele ia me beijar. Como se fosse grande coisa beijar a mim... Megan, a nerd do 2º ano que usa moletons 2 vezes maior que o próprio corpo e vive de cabelo preso. Mas isso não importa, o que importa é que desperdicei a chance de beijar o amor da minha vida.
- Vamos - respondi meio tensa. Felizmente o Neymar Pai não percebeu nosso clima e apenas se despediu de nós, logo indo para a cozinha. Acompanhei Neymar até a porta da mansão e sai de dentro da mesma, percebendo que enquanto estávamos estudando tinha caído uma leve chuva, deixando o ar fresco e úmido.
- Esqueci a chave de casa, já volto - ele falou me deixando ali nas escadas na entrada da mansão e eu resolvi ir caminhando lentamente até o carro dele, na calçada da rua, onde ele tivera deixando quando chegamos a cerca de 3 horas atrás. Obviamente ele iria ir para alguma festa ou até mesmo sair com alguma garota depois de me deixar em casa, por isso a preocupação com as chaves. Vai que ele iria chegar tão tarde e não quisesse interromper o sono dos empregados ou até mesmo de seu pai? 
Passei pelo jardim com um chafariz no centro que ficava entre a mansão e os portões enormes de entrada e observei que a grama era verdinha. Nem nos meus mais iludidos sonhos que eu conseguiria ter uma casa daquelas e um jardim tão florido como o da família Rick's. A verdade é que eu não me dou bem em relação a plantas. Uma vez ganhei uma rosa de um nerd que gostava de mim na 5ª série, e no mesmo dia dela murchou. Coitada.... Não deviam ter me dito que precisava regá-la. Isto é, eu reguei além da conta e ela morreu afogada. Pobre rosa. Fui despertada Neymar também entrar no carro e se ajeitar, se preparando pra começar a dirigir.
- Você quer passar em algum lugar antes de ir pra casa? - ele perguntou gentilmente e eu torci pra que aquele clima tenso tivesse passado.
- Não, obrigado. Só quero chegar em casa e finalmente tomar um banho - falei meio sem graça e ele riu pelo nariz.
- Porque não falou que queria tomar um banho? Nós temos roupas reservas, era só ter dito e você poderia ter tomado um banho - ele falou enquanto colocava a chave na ignição e ligava o carro. Por mais que essa ideia não tivesse passado na minha cabeça, era provável que eu só aceitaria tomar um banho na casa dele se eu tivesse altamente drogada. Não pelo fato de ser na casa de um homem, muito menos dele, mas sim, pelo fato de eu ser a pessoal mais enrolada desse mundo. E minhas roupas sujas? E minhas peças íntimas? Iria juntar tudo e colocar em uma sacola? Mas e meu cabelo? Será que ele tinha um creme de cabelo igual ao recomendado para o meu? Pois é, difícil de acreditar mas o meu nível de lerdeza era alto, muito alto.
Permaneci calada e logo Neymar deu partida no carro. Metade do caminho foi silencioso, e pensei que continuaria assim, porém, mudei de ideia ao escutar Neymar tocando no assunto na qual eu menos desejaria de falar naquele momento.
- Por que... por que você não me beijou? - ele perguntou. Pude sentir um pouco de indignação no seu tom de voz.
- Nada contra você - respondi com a voz firme, na qual fiquei o resto do dia me perguntando de onde tinha tirado tanta firmeza de uma hora pra outra - é que... você nunca entenderia - falei tentando fazer com que ele entendesse que eu não queria falar sobre aquilo, porém, se ele percebeu ou não, ele insistiu.
- Eu estava com bafo ruim ou alguma coisa assim? - ele perguntou e por um momento tirou os olhos da estrada e me fitou, logo voltou a sua atenção na direção.
- Não, nada disso, por mais que você tenha comido, seu hálito continuava refrescante - falei e tive a certeza que falei mais do que devia. Megan, quantas vezes vou ter que repetir que certas coisas você deve guardar pra si mesma?
- Então você acha meu hálito refrescante? - ele perguntou com uma voz doce e pudê perceber ele dar um sorriso de lado.
- Bom... - deixei as palavras se perderem no ar - por mais que eu não tenha muitas vezes presenciado a sua boca bem perto do meu nariz - mas que merda eu tava falando? - em todas as vezes que eu pudê sentir seu hálito, ele estava sempre com cheirinho de menta - quando terminei tive a certeza que estava super vermelha por conta da vergonha. Escutei Neymar dar uma gargalhada, percebendo a baboseira que eu acabara de falar e ele colocou a mão na minha coxa. Estremi dos dedos dos pés até o último fio de cabelo.
- Calma, não precisa ficar com vergonha, é legal saber que você acha isso do meu hálito - ele falou e mexeu suas mãos ainda em minha coxa, fazendo um movimento pra cima e pra baixo. Ele tava pensando que aquele gesto era uma forma de consolo ou sou eu que estou ficando louca? 
- Pensei que ia me achar uma idiota - murmurei para mim mesma, mas infelizmente ele escutou.
- Por mais que você seja calada, até que é uma garota legal... Conviver com você não deve ser tão difícil - ele falou olhando para mim enquanto sorria, mas logo voltou a prestar atenção na estrada.
"Conviver com você não deve ser tão difícil". Se ele soubesse o impacto que essa frase pode fazer na minha imaginação, ele nunca diria isto. Por um momento comecei a imaginar nós dois trocando carícias selvagens e palavras obscenas enquanto nossas corpos soavam por conta dos movimentos rápidos e bruscos, se é que você me entende. E no outro momento, imaginei eu andando pelo tapete vermelho em direção ao altar, onde Justin me esperava com um sorriso de terno e supras. Sim, supras. Como que seria nossos filhos? Será que eles puxariam os olhos claros do pai ou teriam o cabelo escuro igual o da mãe, no caso eu? Eu só sabia que se fosse menino seria Bernardo, e se fosse menina seria Carinne. Mas será que o Neymar iria querer ter a casa repleta de filhos, tipo uns 15? Haja nome pra colocar em cada um. Ok, Megan, você está sonhando alto demais. E em meio a essa imaginação fértil de uma vida perfeita para mim, percebi que a mão de Neymar permanecia na minha coxa, enquanto ele dirigia.
- Hum... Neymar? - chamei e ele aproveitou que tinha parado no sinal para me olhar.
- Fala - falou com um sorriso. Olhei para ele e logo olhei para sua mão em minha coxa, percebendo ele acompanhar meu olhar. Imediatamente ele retirou sua mão e falou em um tom meio confuso e envergonhado - desculpa, eu esqueci... É o costume.
Okay, isso não foi algo agradável de se ouvir. Um dia ainda mato essas vadias que ele tanto anda.

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- É aqui - falei quando Neymar passou com o carro em frente a minha casa. Logo ele parou o carro e se inclinou para ver melhor como era a minha residência.
- Aqui? - ele perguntou, mas por mais que tenha tentando achar, não percebi nenhum expressão de nojo ou de superioridade. Felizmente, Neymar não achou que eu fosse uma pobretona, pelo fato de ele morar em uma mansão e eu em uma.... casa velha.
- É - falei e sorri sem amostrar os dentes. Fui abrir a porta do carro para eu sair, porém, uma mão segurou meu braço. Virei-me e encarei Neymar que me segurava apreensivo.
- Será que eu... poderia... usar seu banheiro? - ele perguntou e eu apenas assenti, por mais que não tivesse raciocinado muito. Ele não devia gaguejar, e sim, falar logo. Meu coração é fraco e não aguenta certas palavras vindas dele - valeu, eu vim a metade do caminho com vontade de ir ao banheiro - ele falou enquanto tirava os cintos de segurança. Era impressão minha ou ele estava falando aquilo como se fosse uma desculpa?
Sai do carro sendo acompanhada por Neymar,  que logo trancou e adentramos a minha casa. E sim, eu tive MUITA vergonha. A maioria dos móveis eram velhos, o que parecia que a casa era abandonada. Porém, pareceu que Neymar não reparou muito nos cômodos. 
- O banheiro é lá em cima - apontei para as escadas e ele assentiu sorrindo e subiu as mesmas. Logo, subi depois dele, porém fui no quarto de minha mãe.
Bati na porta e entrei, vendo ela deitada, como sempre, assistindo TV.
- Hey, mãe - falei e ela me fitou. Ela deu um sorriso e logo bateu fracamente com o braço na cama, pedindo que eu sentasse onde ela tivera batido - fala.
- Quem está aí? - ela perguntou com a voz baixa. Por mais que ela tivesse perdido parte das forças corporais, seus ouvidos ainda continuavam bem aguçados.
- É o Neymar,  mãe - falei sorrindo. Nunca pensei que diria isto - ele veio me deixar em casa, porém pediu pra usar o banheiro.
-Neymar? - ela abriu um sorriso lindo. Há tempos que eu não via o sorriso dela tão radiante. 
Obviamente, ela sabia sobre o Neymar, já que ás vezes eu passava horas e horas com ela conversando sobre ele.
- Sim, mamãe - sorri - o Neymar de quem eu tanto falo - falei. 
Mamãe lentamente levantou o braço até sua mão conseguir alcançar meu rosto, onde ela fez carinho no mesmo.
- Tudo o que eu quero é que você seja feliz, do lado das pessoas que te façam feliz - ela falou fracamente e logo sorriu. Eu juro que quase teria chorado de emoção se não tivesse escutando batidas na porta.
- ENTRA - falei já sabendo que seria o Neymar. Quem mais poderia ser? Um ladrão?
- Ah, oi - ele falou abrindo a porta e enfiando só a cabeça pro lado de dentro do quarto - tudo bom, senhora Parker? - ele perguntou feliz e percebi que ficou meu decepcionado ao ver que minha mãe deu um sorriso fraco. Não que ela não tivesse gostado da presença dele, e sim porque ela não tinha tantas forças assim pra no caso levantar da cama, cumprimentar ele e perguntar se ele gostaria de uns biscoitos - hum... Megan, eu estou indo - ele falou dando um sorriso sem graça.
- Ah claro, eu vou te levar até a porta - falei me levantando da cama e dei um beijo na testa da minha mãe - já volto.
Sai do quarto sendo acompanhada por Neymar que me seguiu até a porta de casa.
- Bom, muito obrigado pela carona - falei enquanto me debruçava na porta e fitava Neymar parado na varanda da parte da frente da casa. Isto é, de frente para mim.
- E muito obrigado pela explicação, você seria uma ótima professora - ele falou e eu apenas sorri. Sorri fazendo questão de amostrar cada dente da minha boca. Ele sorriu de volta e eu já estava prestes a fechar a porta - MEGAN - ele gritou e eu levei um susto abrindo a porta totalmente.
- O que eu fiz? - falei espantada e ele riu de si mesmo. Ele deve ter achado que nunca teria chamado uma garota idiota ás pressas por um motivo que eu queria descobrir.
- Nada... Bom, até amanhã, na escola - ele sorriu. Ele me gritou só pra dizer isso?
- Ok - sorri de volta - até.
E antes que eu pudesse pensar em como reagiria quando encontrasse ele no dia seguinte, senti suas mãos envolvendo minha cintura e seus lábios tocando o meu, rapidamente. Nossos corpos colidiram um com o outro, por conta da rapidez que ele me puxou. Sua língua pediu permissão para entrar em minha boca e eu nem tive tempo de raciocinar, minha boca se abriu instantaneamente para que sua língua macia invadisse e travasse uma batalha com a minha língua. Nossas línguas guerreavam. E não, não era o primeiro beijo. Senti uma de suas mãos sair de minha cintura e envolver minha nuca, profundando mais o beijo. Palavras, ações, nada poderia demonstrar o que eu estava sentindo naquele momento. Era como se eu estivesse no céu, e nunca mais iria voltar. Era como um sonho. Era surreal.
Depois de um tempo nossas línguas, infelizmente, se separaram. Fitei o rosto de Neymar assim que o beijo terminou e ele continuava com os olhos fechados, porém, com um sorriso no rosto. Antes que eu sorrisse por conta da reação dele, ele abriu os olhos e me fitou, com aquelas enormes bolas cor de verde esmeralda.
- Até amanhã, Megan - ele falou sorrindo - até amanhã.
Então, ele soltou minha cintura e foi andando em direção ao seu carro. Ele deve ter olhando umas 3 vezes para trás, para me fitar, antes de finalmente entrar no carro. Assim que o seu carro partiu e ele já estava fora de alcance dos meus olhos, eu finalmente voltei a vida real.
Se a sorte estava a meu favor, o jeito era aproveitar.

Illusion - Parte 5


- Mas então, qual a sua fruta favorita? - Neymar tentou puxar assunto enquanto estávamos a caminho da casa dele.
- Laranja - falei e sorri sem amostrar os dentes. Eu estava envergonhada demais pra puxar assunto com ele.
- Sério mesmo? - ele falou em um tom alto e surpreso - eu amo suco de laranja - ele completou e eu novamente sorri sem amostrar os dentes. Meu nervosismo já tinha passado dos 100% - porque você é tão quieta? - ele perguntou enquanto tentava prestar atenção no volante e em mim ao mesmo tempo. Eu não fazia a mínima ideia do que responder.
- Não sei - falei olhando um ponto fixo que não seja ele - eu gosto de ser calada - sorri olhando-o e ele apenas balançou a cabeça assentindo com um semblante de incomodado. 
- É aqui - ele falou parando o carro em frente á uma mansão branca com detalhes bege. Nunca tinha visto uma residência tão grande quanto a dele. A entrada tinha um portão de ferro de quase 6 metros e o jardim era imenso. Até chafariz tinha - parece que meu pai está em casa - ele falou meio desapontado e eu continuei calada - vem - ele abriu a porta do carro e logo eu sai do mesmo, fechando a porta. Neymar trancou as portas e me segurou pelos meus ombros, passando pelos portões e adentrando aquela mansão.
- Vai deixar seu carro lá fora? - perguntei ao passar pela garagem cheia de carros luxuosos.
- Dá trabalho entrar com o carro e vai ficar mais fácil quando eu for te levar pra casa - ele falou sorrindo e logo passamos pela porta de 3 metros, enorme, bege e com detalhes dourados.
- Ata - assenti sorrindo sem amostrar os dentes e entrei junto dele na mansão. E man, puta que pariu. Nunca na minha vida eu tinha visto uma sala tão gigante quanto a dele. Para você ter noção, só a sala dele era o tamanho da minha casa. Sem exagero nenhum.
A maioria dos móveis eram de vidro. A TV devia ter umas 100 polegadas e sem contar na lareira luxuosa.
- Sinta-se em casa - ele falou sorrindo e eu sorri. Por um lado eu me sentia maravilhada, e por outro humilhada. 
- Obrigado - sorri e ela sorriu de volta. 
Meu coração devia estar batendo 3x mais do que o normal. Era uma ansiedade imensa, que parecia não caber em mim.
- Quer comer alguma coisa? - perguntou - você deve estar com fome, então eu vou pedir pra Lili preparar algo para nós comermos - ele falou antes mesmo que eu respondesse alguma coisa. Deduzi que Lili era a empregada da casa.
Sentei-me naquele sofá totalmente luxuoso na cor bege e tive a certeza que se eu deitasse nele, eu dormiria até o resto da vida. Era muito, mas muuuuito macio. Oh céus, eu devo estar no paraíso.
- Voltei - ele falou sorrindo e logo estendeu o braço pra que eu pegasse a mão dele - vamos lá pro meu quarto para adiantarmos alguns trabalhos - segurei a mão dele e fui guiada pelo mesmo até as escadas. Passamos pelo escritório do pai dele que ficava ao lado da escada e Neymar adentrou, vendo seu pai mexendo no computador.
- Hey, bro - ele falou e o pai dele desviou a sua atenção do trabalho e nos olhou.
- Filho - ele se levantou daquela cadeira que parecia altamente confortável e veio na nossa direção. Neymar e ele fizeram uns toques legais e logo o pai de |Neymar me fitou.
- Quem é essa princesa? - ele perguntou e eu corei instantaneamente. 
- Pai, essa é a Megan - Neymar falou - e Megan, esse é meu pai, Neymar Pai - ele completou e logo Neymar Pai entendeu sua mão para que eu apertasse. Apertei a mão dele e senti ele me puxar, dando um beijo na minha bochecha. Eu simplesmente fiquei mais corada ainda e meio desconfortável. Tanto que Justin percebeu e riu da minha cara - ela veio pra me ajudar no trabalho de Biologia - falou e Neymar Pai deu um sorriso largo. Sorri de volta.
- Bom trabalho pra vocês - ele falou sorrindo - caso precisem de algo é só falar - completou e nós demos um "tchau" e subimos as escadas em direção ao quarto de Neymar.


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- Seu pai é bem espontâneo - comentei enquanto tirava o livro de Biologia da mochila.
- É, ele sempre fica assim quando aparece uma garota aqui em casa - ele falou ligando o notebook em cima da mesinha perto da janela.
-  O que deve ser quase sempre - pensei alto. Tão alto que Neymar escutou e riu da bobeira que eu tinha dito.
- Nem sempre eu trago garotas pra cá - ele falou - quando eu quero comer alguma eu levo pro motel. Não gosto de fazer sexo com essas vadias na minha própria cama - ele explicou e eu ergui as sobrancelhas e permaneci calada. Minha pressão já devia ter subido depois de saber que eu era uma das únicas que já fui na mansão dos Rika's ~como eram chamados~.
- Hum... - miei e dei um sorriso forçado.
- Mas então, vamos começar? - ele perguntou sentando na cadeira em frente a mesinha.
- Claro - falei e dei um sorriso. Me levantei da cama dele e andei até ele, colocando meu livro de Biologia em cima da mesinha. Apoiei meus cotovelos em cima da mesinha e inclinei meu corpo pra frente. Comecei a ler a matéria porém Justin me interrompeu.
- Megan - ele falou e eu o olhei, vendo que ele olhava para a minha bunda - essa sua posição ai não está pegando muito bem - ele falou olhando pra mim e logo voltou a olhar pra minha bunda. Levantei minha coluna e cruzei os braços, meio tímida.
- Desculpa, mas é que não tem lugar pra sentar - falei e ele riu dos próprios pensamentos.
- Se quiser, pode sentar no meu colo - ele disse com um sorriso safado e corei. Devia estar parecendo um pimentão - estou brincando, calma - ele riu e se levantou da cadeira - pode se sentar no meu lugar... Eu vou lá embaixo pegar outra cadeira pra mim - falou e logo saiu do quarto. Me sentei na cadeira na qual ele estava sentado e fitei o papel de parede do notebook dele. Na foto tinha ele segurando de cabeça pra baixo seus irmãos caçulas (finge que ele tem) , Bárbara e Felipe se não me engano. Eu já tinha ouvido ele comentar sobre eles uma vez com algum amigo pelos corredores na escola.
Aquela foto era realmente muito engraçada e fofa. Por um momento imaginei como seria o Neymar cuidando dos nossos filhos no futuro. Ok, sonhei alto demais agora, porém, ainda tenho esperanças. 
Escutei passos vindo do corredor e me virei, me deparando com Neymar entrando com uma cadeira em mão, logo, colocando-a do meu lado e sentando na mesma.
- Vamos lá - ele falou esfregando a palma das mãos uma nas outra e aproximando o livro um pouco dele.
Comecei explicando a matéria mais difícil, assim eu me livraria logo do esforço para explicar.
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- Neymar? - ouvimos um voz feminina bater na porta e ambos nos viramos para ver quem era.
- ENTRA - ele gritou e logo entrou uma moça baixinha, gordinha e morena com um avental - ah, oi Lili, o que você quer? - ele perguntou e a senhora, digo, Lili, deu cerca de 3 passos, adentrando o quarto.
- O almoço de vocês está pronto - ela sorriu e logo me fitou - e já que você me disse que tinha companhia eu preparei um almoço delicioso.
- Oba - Neymar comemorou e se levantou da cadeira - vem Megan - ele estendeu sua mão para que eu pegasse. Agarrei a mão dele e ele começou a me puxar rapidamente rumo á cozinha. Passamos pela Lili que continuava perto da porta do quarto e ela riu da minha cara de espantada. Descemos as escadas e só de pisar no primeiro andar da casa já dava pra sentir o cheiro gostoso de comida entrando pelas narinas. O prato parecia ser lasanha. Minha comida favorita.
- Aaaah, lasanha - Neymar disse ao chegar na cozinha, fechando os olhos e deliciando o cheiro daquela comida suculenta - não há como não gostar - ele falou já de olhos abertos sorrindo pra mim - e você, Meg? Gosta de lasanha? - perguntou-me e soltou da minha mão para ir logo se sentando para comer.
- É praticamente a minha comida predileta - falei e ele sorriu largamente antes de enfiar o garfo com lasanha na boca.
- Lili, sempre adivinhando nossos gostos por comida - ele falou de boca cheia, o que me fez rir.
Sentei na cadeira, de frente pra ele, e comecei a comer. Aquela lasanha realmente estava deliciosa. Devia ser a melhor lasanha que já tinha provado na vida.
- A comida está boa, crianças? - Lilli adentrou na cozinha e eu ri com o "crianças".
- Está ótima, Lili - Neymar falou de boca cheia, logo, levando o copo com coca-cola á boca.
Eu comi educadamente, diferente de Neymar, que só faltava devorar a mesa de tão esganado que era.
Nunca imaginei que teria a chance de almoçar na casa do Neymar, muito menos passar a tarde com ele. Isso sempre esteve nos meus planos, porém, nunca pensei que conseguiria concretizá-los. Parecia um sonho, mas só era pura sorte. Uma sorte que eu venho esperado toda a minha vida. Uma sorte que eu irei aproveitar até o último segundo.

Cerca de 20 depois ali se deliciando com a lasanha, finalmente acabamos. Só o Neymar comeu 3 pedaços enquanto eu quase não aguentei comer nem 1 e meio. Minha barriga tava pra explodir. Parecia que nunca tinha comido tanto na vida. E pra completar ainda tinha a sobremesa.
A sobremesa era apenas sorvete de creme, mas mesmo assim estava de bom tamanho. Na minha casa não deve ter sorvete há uns 8 meses. Pois é, tive que sobreviver com os picolés baratinhos que vendiam na cantina da escola.
Quem colocou as bolas de sorvete dentro das taças foi o Neymar, que foi um tremendo malandro, pois colocou apenas 2 bolas de sorvete pra mim enquanto colocou 4 pra ele. Mas mesmo assim, quando ele já estava acabando de comer a taça inteira, eu ainda estava no final da minha 1º bola.
- Ei - ele me chamou enquanto me observava saborear meu sorvete - me dá um pouquinho aí? - ele perguntou tentando enfiar a colher dentro da minha taça, porém, eu recuei.
- Não, você já comeu, e ainda por cima, mais do que eu - reclamei e levei a colher com sorvete á boca.
- Por favor - ele implorou enquanto novamente tentava colocar a colher dele dentro da minha taça - é só um pouquinho - novamente recuei minha mão e ele olhou pra mim com uma cara de indignado - você não vai me dar um pouquinho? - ele perguntou com um olhar desafiador.
- Não - falei e levei outra colher á boca.
- Se não der por bem... - ele falou e logo começou a se aproximar de mim, que estava encostada no balcão da cozinha - vai dar por mal - ele sorriu maliciosamente e eu já tinha ideia da guerra que ia ter. Antes que eu pudesse raciocinar, eu sai correndo da cozinha sendo seguida por ele que corria na esperança de devorar meu sorvete. Subi as escadas correndo tomando o máximo de cuidado pra não tropeçar e deixar minha taça cair no chão. Cheguei ao quarto dele e quando já estava virando pra fechar a porta e trancá-la, era tarde demais. Neymar já tinha me alcançado, então me impediu de fechar a porta. Comecei a dar passos para trás, com medo de perder meu pobre sorvete. Ah, tivemos bons momentos juntos... não pera.
Percebi que estava sem saída quando senti minha bunda esbarrar na mesinha perto da janela. É, eu estava encrencada. Meu rosto provavelmente devia estar vermelho por causa da correria, e eu tentava respirar fundo. Neymar se aproximava cada vez mais com aquele sorrisinho malicioso dele até que ele se aproximou muito perto de mim. Perto demais. Eu pudia sentir sua respiração. Naquelas horas eu nem estava mais me preocupando com o sorvete. E antes que eu tentasse saber o que ele estava pensando em fazer, ele fez. Seus dedos magrelos começaram a cutucar minha barriga, me fazendo rir aloucadamente e deixar a taça cair no chão. Era algum tipo de sonho ou Neymar Júnior realmente estava me fazendo cosquinha?
Eu ria feito uma descontrolada. Cheguei a cair no chão de tanto rir, e mesmo assim o Justin continuou. Nós ríamos tanto que nossas barrigas chegavam a doer. Neymar ficou por cima de mim, fazendo mais cosquinhas ainda pelo meu corpo todo.Porém, por um momento, ele parou instantaneamente e eu abri os olhos pra entender o que tinha acontecido. Quando percebi nossos lábios estavam muito próximos. Cerca de 5 centímetros. Mas eu não tinha reação. Ele estava prestes a me beijar e eu simplesmente não tinha reação. E antes que nossos lábios se tocassem, eu finalmente tive uma reação.
- Poderia me levar pra casa? 


CRÉDITOS A MELHOR!

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