Little Things - Parte 10



Cap.: "Lagrimas... sangue sem cor."

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 Deveria ter prestado atenção na aula do Sr.Oliveira, mas não conseguia. Na verdade, algo me prendia naquela classe. Prendia os meus pensamentos fora dali.
Passei boa parte do tempo de aula com a cabeça apoiada nos meus cadernos e livros em cima da mesa, com o capuz sobre meus cabelos. Sem música. 
De uma coisa eu sei: temos que dar um passo para atrás para avançar dois.
O sinal bateu. Nenhuma das minhas amigas foram a escola nesse dia.
Sai de sala e avistando Adryan e Thomás e mais alguns meninos à poucos metros. Fui andando calmamente, quando Thom me avista e sorri.
- E ai, como você está?
- Estou bem, vou ficar -sorri de canto- cadê as meninas?
- Nathália passou mal de madruga mas já está melhor. -disse Adryan
-O que ela tem?
-Acho que ela comeu besteira e com a gravidez não ajudou.
- E o que você está fazendo aqui? Porque não está com ela?
Adryan começou a falar mas logo foi interrompedido pela Raquel que chegou com Mattheus.
- Ah, olha lá,  a garotinha do papai. -provocou Raquel. Respirei fundo, é a minha técnica para evitar estresse.
 - Qual é, Raquel? - disse Thom
- Você que tá traí o gato e depois se faz de vítima, pelo amor. -Raquel mentia.
- Vem, Raquel. Não vamos gastar novo português com gente desse tipo. - disse Mattheus.
Já citei como sou sensível. Muito.
Raquel e Mattheus afastaram-se debochando-se. Ok. 
Que fase.
Vai passar.
Tudo passa.

Dois dias se passaram. Fui as aulas, conseguir dirigir minha atenção ao professor. Em relação ao curso de espanhol, falta só um mês para acabar. Ou seja, UHUUL!
Na parte da tarde, desses dois dias, passei com o Bernardo e a Juliana. 
Meu pai já está morando em outro lugar e me convidou para almoçar com ele amanhã.
Sábado. Acordo, faço minhas higienes matinais e coloca essa roupa.

Sem título #23

- Minha pequena - disse meu pai logo após abrir a porta, em seguida, ele me abraçou. - Entre.
Entrei. Era um apartamento grande, na verdade, bom.
- Senta ali sob a mesa que falta pouco para ficar pronto.
- Qual é o prato, pai?
- É especial. -rimos
O apartamento é localizado há cinco quarteirões de onde moro. Coloquei minha bolsa no sofá e andei em direção a janela. Era um dia quente, um dia comum e agradável para os cidadãos.
- Está pronto, vem filha. -meu pai me chamara depois de ficar uns 5 minutos admirando a bela vista da cidade.
O prato era nhoque à quatro queijos. Hmm!
- Pensei que você tinha falado com o Thiago para vir.
-Falei -bebeu um gole de refrigerante- mas ele ficou chateado ontem, quando veio me ajudar.
-Porque? -perguntei indignada, Thiago não havia dito nada.
-Ele ficou de vir me ajudar a organizar algumas coisas ontem, ele me ligou falando que não viria. Então, falei com o rapaz vizinho e ele veio me ajudar...
- E Thiago ficou bolado por o cara vir te ajudar? -interrompi
-Sim, até parece que você não conhece seu irmão.
- Hmm -continue comendo
- Até chamei o rapaz pra almoçar conosco, porém ele iria almoçar com os pais.
Assenti e terminei de devorar meu nhoque.
-Pai, vou indo. -disse pegando minha bolsa
-Quer que eu te leve?
- Não, não precisa. Só me leve até lá em baixo porque irei me perder. -rimos

-Ai! - reclamei quando alguém esbarrou em mim- Desculpa.

Little Things / Parte 9 - Brincadeira é coisa séria

“Aonde está você agora?

Além de aqui dentro de mim…”



- Foi você? - Perguntei com um sorriso de canto. Neymar me deu um beijo na bochecha.
- Uhum!
- Como você descobriu meu e-mail?
- Pulando essa... você tá melhor? Quer contar o que aconteceu naquela noite?
- Ney... -andei e ele foi me acompanhando- estou bem, to andando olha.
 Com uma muleta.
- Está parecendo patati patata andando com isso -rimos.
- Vem, tenho que comprar um celular pra mim.
Agora eu sei porque as garotas de Cabo Frio ficam no pé do Neymar. Ele tem um charme que dando pra 10 rapazes ainda sobra e muito. Mas enfim... Neymar me ajudou a escolher o celular. Ele queria que eu comprasse um IPhone5 mas preferi um GalaxySIII. Depois, lanchamos no Balada Mix e acabei contando tudo sobre aquela noite. Não que eu não queria. Não me importo e não guardo rancores sobre relacionamentos e na verdade, Neymar me fez um bem abeça.
- Piranha!
Escutei bem? 
- Vagabunda!
Neymar se assustou virando-se rapidamente e olhando para trás.
- Ah você, isso não é surpresa -disse Neymar dirigindo-se para uma garota. Aquela garota. A garota que tentou me enforcar no banheiro.
- O que você quer?- disse dando três passos a frente
-Eu? Eu não quero é nada. Na verdade, quero sim. -seu olhar transbordava raiva
Ao nosso redor se formou uma roda. E eramos o centro da atenção. Ficamos em silêncio. O shopping ficou em silêncio. Olhava para o rosto de cada pessoa em volta. Neymar ao meu lado com uma expressão séria. Era o Neymar que essa garota queria? Então, ela vai ter. Não faço questão. Bom, não sei.
- É ele que você quer, né? Tudo bem. Pode ficar. Não temos nada. Não me envolve com algo que eu não tenho a ver. -disse tão rápido que parecia um cuspe.
- Como assim? -Neymar, coitado, não sabia de nada que aconteceu, nada.
- Olha o seu nível garota, se rebaixar por um homem que nem está ligando para você...
- Cala a sua boca, vagabunda.
 Não precisei. Sai dali o mais rápido possível. O mais rápido que minha perna deixava. Escutei Neymar gritando com ela, não sei o que, porque ofusquei tudo.
 Quer saber de uma coisa? Vou voltar a treinar. Treinar, treinar e mais treinar. Respirei ginástica até o meus 14 anos e parei por desistência. 
 Pensei ao ver as fotos de anos atrás. Eu era tão feliz, tão viva, tão linda e não sabia. Tudo para mim era ginástica e mais ginástica. Na verdade, era voar. E lembrei que o ginásio que eu treinava ainda existia aqui perto.
- Posso entrar? - disse minha mãe já entrando no meu quarto.
- Já entrou né.
- Nossa, Violetta. -interrompi ela.
- Nossa o que, mãe?
- Eita! Tem visita pra você.
Af! Peguei minha muleta e desci as escadas. A visita estava no lado de fora, ela não quis entrar, avisou minha mãe. Era o Neymar. Quando o vi senti uma vontade enorme de abraça-lo e assim fiz.

- Não vou deixar que nada aconteça com você, tá? -ele falou ao meu ouvido
- Uhum -disse passando a mão no seu cabelo e ele me abraçou mais forte.
Eu perguntei se ele queria entrar, mas Neymar disse que não e me levou para o jardim do nosso condomínio.
- Tô morando a 2 casas depois de você.
- Nossa, que coecidência, hein?!
- É -sorriu- Naquela noite na boate, foi tudo planejado.
- Como assim? 
Estávamos sentados nos bancos que dá para piscina. A luz não era tão forte e deixa um clima romântico com o barulho do chafariz.
- Botaram algo na sua bebida que fez você ir para aquela sala, tanto que você dormiu. A festa já estava terminando e eu fui ao banheiro, só que não me viram entrando, e não havia mais ninguém ali, alem de você '' desmaiada ''
- Então, era para eu ficar presa ali?
-Sim, sozinha.
Já era mais ou menos umas nove horas quando Nathália, Adryan, Thomás e Anna chegam no condomínio. Nathália mora a dois quarteirões de onde moro, Adryan mora na casa ao lado da minha, Anna mora em Jacarepaguá mas sempre está aqui por causa do Thom que mora com o Adryan.
- Tenho que dormir, tenho aula amanhã -falei levantando
- Cuidado se não vai ser reprovada por falta -disse Anna
- Por isso mesmo que tenho que ir, já faltei muito.
- Vem, vou contigo -disse Neymar também se levantando
- Aaah! -resmungou Thom- bora jogar só uma partida de Kiss the Queen, topa?
- Kiss the Queen? -perguntei Neymar
- É, beija a rainha -respondeu Adryan
Kiss the queen era um aplicativo para celular que eramos obrigados a fazer tudo o que ele pedia.
- Uma partida -disse sentando ao chão
Sentamos em uma roda. Ao meu lado estava Nath e no outro a Anna.
- Quem vai ser o primeiro? -perguntou Thom todo empolgado
-E..e...- ia tomar iniciativa, só ia
- Vai, Villu -incentivou Nath
- Não, vai você.
-Tá.
Nathália pegou o celular e clicou.
Você terá que beijar o queixo do seu parceiro a sua esquerda.
Era eu. Nathália iria me dar um beijo no queixo. E foi o que fizemos.
- Agora é minha vez -eu disse pegando o celular da mão do Thom.
Você terá que beijar de língua o seu parceiro a sua frente. Um beijo apaixonado.
Há minha frente? Neymar está sentado na minha frente.
- Agora eu quero ver -Nathália disse toda empolgada e rindo da situação.
Coloquei o celular no chão e me levantei. Neymar fez o mesmo. Ficamos parados um em frente ao outro. Sei lá, não sabia aonde começar. Logo nossa respiração formou uma, na verdade, não, estávamos ofegantes. Neymar colocou uma mão em minha nuca e a outra na minha cintura. E assim nossos lábios se tocaram...


- Ai, você me babou toda -falei descontraindo o clima
- Desculpas...

Acordei com barulho de buzina. Isso mesmo, buzina de carro. Mas não aquela que só aperta um vez e pronto, não. Aquela que você pressona, por um longo tempo. Levantei e fui olhar quem estava fazendo essa barbaridade nessa hora da madrugada. Abri a cortina e vejo o carro da minha mãe, parado em frente a nossa casa e era ela quem me despertou.
- Você tá louca? -gritei
- Desce, anda, você tá atrasada.
Atrasada? Olhei o relógio e já era 5:56 da manhã. Que isso! 
Meu horário na faculdade foi reduzido, só de Medicina, são 2 tempo de 50 minutos, pego as 7h, de segunda a sexta. Porém, preferi acabar logo o curso de espanhol e como já estou na faculdade, assim que termina as aulas de medicina vou pra espanhol.
Estou muito atrasada, na verdade, nem tanto mas demoro muito, muito para pegar o ritmo de manhã.
Me banho com água gelada e me visto.

Sem título #21

- Fala, novinha! 
Escuto entrando na minha classe. Dentro da sala, ele não estava. Mattheus não estava. Pensei que era ele, mesmo sabendo que ele nunca me chamara assim. 
- Fala, Rod! 
Era o Rodrigo carregando algo, aparentemente uma mochila. 
- Nossa -falei
- O que foi? To galã? Gostoso? -rimos
- Idiota! Porque você está com uma mochila? Virou estudando?
- Não né, Violetta. Vou arrumar um emprego.
- Oi? Emprego?
- Sim, tenho que ajudar a sustentar aquela casa.
Aquela casa. Imaginei que seria a casa do Neymar e seus pais. 
- Ah, boa sorte.
Dei um beijo em sua bochecha e entrei pra classe.

CONTINUA...

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Little Things - Parte 8

AVISO: No final dessa postagem terá aviso e, ao vir da postagem, uma homenagem. 


Anteriormente:  
Vi que seus ferimentos do acidente já tinham seca trisado. Ele vestia uma calça apertada, digamos bem, vermelha e uma camisa em gola branca.
N.Júnior: Trancada, mesmo. E ainda quando fui tentar abrir, a maçaneta quebrou.
Villu: Ótimo. Estamos presos. -ironizei
N.Júnior: Meu celular está dando fora de área, vê ai o seu.
 Abri minha bolsa, peguei o celular. Maldito celular, estava descarregado.
Villu: Acabou a bateria -guardei o mesmo- Tem como sair por cima.
N.Júnior: Não. Não tem janela ou algo do tipo pra apoiar os pés, as cadeiras sumiram. Agora só resta o poff.
 Acompanhei o olhar do Júnior que estava em direção ao poff onde estava sentada anteriormente.


~Neymar Júnior no comando
Villu: Deixa eu tentar.
 Villu retirou os sapatos, colocou os mesmos no chão, encostou o puff o máximo possível na parede e subiu no mesmo. Dava para perceber que com um impulso seria capaz de alcançar a parte superior e plana do muro. Talvez. E foi o que ela fez, deu um impulso e pulou para agarrar a parte de cima. Sua mão escorregou e ela voltou com força sobre o puff, que não aguentou o impacto e quebrou-se em zilhões de pedaços, machucando Violetta. Andei rapidamente até ela que estava com uma das pernas sangrando e expressão de dor. Agachei ficando perto da mesma.
 Observei que não era nada grave e sim uns cortes.
N.Júnior: Você é uma burra, sabia? -ri, peguei um lenço que estava dentro da minha carteira.
Villu: Isso eu sei... AI AI AI! -gritou de dor- Mas não precisa lembrar-me todo tempo.
N.Júnior: Não foi minha intenção.
 Peguei o lenço, passei em volta da sua perna '' rasgada'' pela madeira, que estava sangrando e amarrei. 
N.Júnior: Pronto. -disse em relação ao curativo que havia feito em sua perna.
Villu: Obrigada. -dei um leve sorriso de canto.- Porque você tem um lenço na sua carteira?
N.Júnior: Vai que acontece o que acabou de acontecer?! Nunca sabemos.
Villu: Ah é! Para você socorrer todas as garotas que vão atrás de você.
N.Júnior: Que?

~Violetta Becker no comando
 Ops! Escapoliu! Na conversa que tive com o Rodrigo na Urca, ele me contou bastante coisa sobre o Júnior, como: ele dorme só de cueca e acorda sem ela; que deu seu primeiro beijo aos 9 anos; e que tem todas as garotas de Cabo Frio ao seus pés.
 Tipo, uma biografia.
Villu: É...é -gaguejei.
N.Júnior:  Rodrigo me explanando! Tá certo!
 Balancei a cabeça com um sim gero sinal de sim. Júnior me ajudou a levantar e fomos para uma parte coberta de menos de um metro.
 Não tinha-mos como sair dali, o que restava era dormir e esperar amanhecer. Para mim, era meio que impossível. Para piorar a situação, começou a chover. E muito. Praga. Tudo o que eu menos queria. Trancados sozinhos em uma boate mega estranha onde não havia teto - com uma mega gato ao meu lado, Neymar Júnior- levarei ponto na canela por causa do querido poff, e agora a bendita mãe natureza mandou água do céu. [...]
N.Júnior: Tá com frio? -ele perguntou depois de reparar, com toda certeza, que eu estava tremendo.
Villu: Não. Estou tremendo porque estou com medo do bicho papão me pegar.
 Ele deu uma risada cativante.
N.Júnior: Já entendi porque você e o Rodrigo se deram bem -disse em meio a risadas- Posso?
 Percebi o que ele queria com isso.
Villu: É.. não tem outra maneira.
N.Júnior: Tenho um dom para aquecer.
 Dei uma risada suave.
Villu: Virou Jacob?
 Os poucos centímetros que existia de distância entre nós, passou a não existir mais.
 É, ele estava falando a verdade. Me aqueceu em poucos minutos.

Acordamos com uma barulho de algo forte batendo em uma madeira. Madeira sendo destruída. Neymar se levantou rapidamente, continuei deitado devido ao ferimento na perna. A porta foi arrombada aparecendo logo depois um policial, e atrás o Mattheus que foi em direção ao Júnior, pegando-o pela gola de sua camisa e o pressionando-o na parede.
Mattheus: Você vai pagar pelo o que fez, seu @#*@#!
Policial: Epa, epa! -disse afastando os dois.
Villu: Mattheus?!... -ele me interrompeu-
Mattheus: Ele playboyzinho te machucou? Te estrupiu? - veio até a mim, que sentei.
Villu: Não, Mattheus.- falei firme. Ele continuou falando- Não. -continuou- Não, Mattheus. PARA -gritei.
Policial: Precisamos levar vocês para a delegacia.
Villu: Pra que?
Policial: Precisamos do depoimento de vocês para saber o que aconteceu.
Villu: Não vou.
Mattheus: Ah, você vai sim.
Villu: Calado, Mattheus.
[...]
Villu: Precisamos conversar. -falei firme.
 Depois de 3 horas na delegacia, passei no hospital e levei 17 pontos na lateral da canela. Chegamos em casa. Eu e Mattheus.
Mattheus: Você tem que me ouvir primeiro. -assenti- O que está acontecendo com você? Tá andando com pessoas erradas? Usando drogas?
Villu: O que? -falei indignada- Você sabe o tamanho da merda que está dizendo?
Mattheus: Você está me traindo, Violetta?
 Não acreditei no que acabei de ouvir.
Matheus: Com aquele marginal?
 Não. Não podia aguentar aquilo sem dar uma palavra.
Villu: Quem quase morreu por você fui eu, que te vi agarrada com uma vadia -tentava ser forte, sem deixar uma lágrima rolar, e estava conseguindo- e depois te perdoei, foi eu. Quem te ligou vááááárias vezes enquanto você estava viajando? Foi eu. E você me atendeu? NÃO.
 Para esquentar mais ainda a situação, meu celular toca. O aparelho estava ao lado do Mattheus, o mesmo pega-o. Viu a tela e sem dor e piedade taca o >meu< celular pela janela.
DON'T BELIEVE.
Villu: Sai da minha casa, seu animal. SAI -gritei-
 Não sei da onde tirei força para andar e empurra-lo por causa da minha perna que gritava de dor. Porém, minha raiva gritava muito mais alto.


 Estava em um paraíso. Não sei aonde. Era uma mistura de urbanização com natureza. Londres e Miami? Barcelona e Sidney? Não sei. Só sei que tudo era como eu sempre queria. Morar num lugar como esteve. E eu morava. A minutos atrás quando acordava e vi o amor da minha vida surfando da janela do nosso quarto, era tudo tão real. Ele tinha olhos verdes cor de mel, um sorriso torto, um brilho no olhar e uns traços angelicais. Agora estou sentada nas areias finas de Miami ou Sidney vendo o amor da minha vida vindo até o meu encontro.

 Tudo não passava de um sonho.

Deus é a sua força! Ele te sustenta quando tudo conspira contra ti. Levante-se dessa cama e sorria, diga pro mundo que quer te ver triste que Deus ama o teu sorriso. Bom dia <3

 Acordei com essa mensagem na caixa de e-mail do meu notebook. Não sabia o contato. O e-mail era privado. 
 Estava a 3 dia sem ir ao colégio. Sem ao mesmo levantar da capa. Não que eu não tinha forças para encarar o Mattheus. E sim, pelo machucado na minha canela. Em termos de relacionamento, sou forte. Espero que o Mattheus não venha mais falar comigo. Animal. 
 Andava de muleta. Azul. Já disse que amo azul? Então, não vivo sem. Na verdade, Adryan que pintou para mim. Ele achou essas muletas e o mesmo pintou. Fofo! 
 Não aguentava mais ficar de muletas, não aguento. 
 A mensagem me fez forte. Levantei daquela cama logo pegando as muletas e indo tomar um banho refrescante. Coloquei essa roupa e fiz um make leve, pelo menos para ver se esconde a cara inchada. Pedi um táxi e ele me levou ao shopping. Preciso de um celular pra ontem.
 Pedi uma casquinha de baunilha e senti em um dos bancos que tinha por perto da praça de alimentação. 12:40, marcava no relógio. As meninas já saíram. Liguei para a Nathália, ela estava almoçando com a família dela. Ela disse que contaria que estava na espera de um filho. 
'' Tudo está acontecendo do nada, tudo de uma vez, atrás do outro. Esses problemas vão me atropelar. ''
As pessoas que passaram a minha volta devem ter achado que sou uma maluca. É, pensei alto, mais tão alto, que saiu pela boca.
xXx: Não, esses problemas não vai te atropelar - pude sentir uma respiração, um meio tanto familiar, no meu pescoço- Deus é a sua força.
 Ai, eu soube quem mandou aquele e-mail. E meu coração sorriu.

CONTINUA...

O sorriso é a melhor resposta para um olhar.

“Amor é quando se tem todos os motivos pra desistir, mas você engole o choro, seca as lágrimas, força um sorriso e dá mais uma chance dizendo “essa é a ultima vez”. Mesmo sabendo que ainda terá muitas ultimas vezes.”

“A vontade de Deus vai muito mais além do seu entendimento, e é muito melhor do que você imagina.”

VOE NEYMAR

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15 de maio de 2009, Pacaembu. Molina toca para Germano, que percebe o avanço de Roni pela esquerda. O atacante recebe a bola e cruza à meia-altura para o meio da área. Bola na rede. “Pode ser um gol histórico”, disse o narrador Milton Leite.

AVISO: Desculpa por demorar muuuuuuuuuuuito para postar esse imagine,mas estou de volta com ele. AVISO²: E quem tiver imagine/história e quiser fazer parte >desse< blog, vem falar comigo por comentários ou pelo twitter @mefeatmattheus. AVISO³: Estou respondendo o comentário de vocês na parte de comentários,ok? Então, quem comenta, se liga lá. bjão!
 

Illusion - Parte 8

Levantei o rosto e sequei a lágrima que acabara de escorrer pelo meu rosto com a manga do meu moletom. Acredite, aquela não era a primeira e estava longe de ser a última lágrima que eu iria derrubar no dia. Apoiei minha mão no chão e levantei lentamente, por conta das dores musculares, daquele chão sujo do banheiro feminino. Me apoiei na pia e quando me recompus, olhei-me no espelho. Minha aparência? Totalmente desprezível. Eu estava acabada, não há dúvidas disso. Meus olhos possuíam longas e escuras olheiras embaixo e boa parte de meu rosto estava inchado. Meu nariz estava vermelho e minha boca seca. Admito que estava pálida.
Abri a torneira e deixei a água cair. Coloquei minhas mãos, juntas, embaixo da torneira, pegando um pouco de água e levando até o rosto. Direcionei minhas mãos até o porta-papel e tirei duas folhas, levando-as até meu rosto, secando-o. Joguei a bola de papel molhado no lixo e novamente me olhei no espelho. E continuava a mesma coisa.
Fui em direção a minha mochila que continuava no chão e me agachei, pegando meu celular que estava em cima dela. Acendi a tela e marcava 15:06 da tarde. Tinha cerca de 20 chamadas não-atendidas da Jess e 5 do Neymar. Já era pra eu estar em casa a um bom tempo. Peguei minha mochila e coloquei em um dos meus ombros. Ergui-me e antes de sair do banheiro, dei uma última olhada para a aberração que eu tinha virado por conta de eu ter passado um bom tempo chorando.
Assim que saí do banheiro olhei para os dois lado para ver se tinha alguém no corredor da escola. Por pura sorte, não tinha. Caminhei pelo corredor e escutei barulhos vindo da quadra. Espiei e vi que era os meninos jogando basquete, porém notei que um dos jogadores não estava. Neymar.
Voltei a caminhar pelo corredor em direção a saída, rezando para que a diretora não me pegasse, já que era pra eu ter ido embora 12:00. Cheguei na calçada em frente a escola e coloquei a mão na frente do rosto, impedindo o contato dos meus olhos com o sol.
Respirei fundo antes de começar uma longa caminhada até em casa, já que Jess já devia estar com certeza em casa a um bom tempo se perguntando onde eu tinha me metido.
Com as pernas doloridas e um pouco trêmulas, comecei minha trajetória de volta para casa. Ao som de músicas agitadas e passos lentos, andei, e a cada passo tentava acumular forças pra me fazer chegar até em casa sem nenhuma recaída.
No meio do caminho recebi uma mensagem. Era Neymar. Abri a mensagem e li.
Oi, o que aconteceu com você? Não te vi sair da escola e fiquei te esperando no estacionamento porém você não veio. Fui até sua casa porém você não estava. Por favor, assim que você ver essa mensagem, me liga. Estou preocupado com você. Beijos, Ney.
Exclui a mensagem e coloquei o celular no bolso. Abaixei a cabeça e fui assim até em casa.  Apenas comigo mesma, meus pensamentos, a música e o medo. Mais nada.


- MÃE, CHEGUEI - gritei ao abrir a porta de casa e não esperei nenhuma resposta, como sempre.
Joguei minha mochila em cima do sofá e fui direto pra cozinha. Abri a geladeira e peguei uma maçã, lavando-a e mordendo logo em seguida. Peguei minha mochila jogada no sofá e subi para meu quarto, jogando-a no chão e retirando meus tênis com os pés. Enquanto abocanhava a maçã, tirei minha roupa lentamente. Assim que já estava só de roupas íntimas, joguei o resto da maçã fora e entrei em meu banheiro. 
Abri o chuveiro e deixei que a água caísse sobre meu corpo. Apoiei minha testa na parede do banheiro e fechei meus olhos, enquanto sentia a água entrando em contato com o topo de minha cabeça. Gemi. Porém não foi um gemido de prazer, e sim de dor.
Cerca de 80% de meu corpo doía. 
Abri meus olhos e fitei meus pés que estavam inchados. Subi o olhar até a minha coxa e percebi que lá tinha um hematoma. Fechei os olhos novamente e respirei fundo. Levantei minha cabeça e fechei o chuveiro. Fitei o teto por uns instantes e finalmente recuperei forças para sair do box.
Peguei minha toalha pendurada na parede e enrolei-me nela. Voltei ao meu quarto e me sequei. Antes que eu pudesse procurar uma roupa leve para colocar, meu celular começou a tocar. Era Neymar.
Não sei se atendia ou não. Estava receosa e não fazia ideia do que dizer pra ele.
Juntei forças e finalmente, atendi.
- Alô?
- Megan, você tá bem? - Neymar falou com uma voz um pouco desesperada.
- Bom... estou - menti.
- O que aconteceu? Eu fiquei o maior tempão te esperando e você não apareceu. Onde você foi? - Neymar perguntou com certa rapidez na voz.
- Calma, eu apenas... sai um pouco mais cedo do que os outros e decidi dar uma volta - continuei mentindo.
- Eu fiquei super preocupado com você. Eu até vi aquela sua amiga Jessie indo embora e perguntei sobre você, mas ela disse que você iria comigo - ele falou coma voz abafada.
- Me desculpe, eu apenas decidi vir sozinha - falei.
- Está tudo bem, mas você poderia ter atendido o celular pelo menos ou até mesmo dar sinal de vida - ele falou com um certo tom de preocupação.
- Desculpa, já disse. Prometo não fazer isso novamente - respondi-o. Mas afinal, ele por acaso era minha mãe pra ter essa autoridade em relação a minha pessoa? Ah pera, ele é o garoto que eu amo. É isso.
- Ok, mas esquecendo esse seu erro... Você vai fazer algo de noite? - perguntou com a voz mais relaxada.
- Não, porque? - respondi e perguntei de volta.
- Sei lá... Nós poderíamos sair para comer algo, o que você acha? - perguntou novamente.
- Tudo bem - respondi - por tanto que seja em um lugar onde quase ninguém vá, eu topo - acrescentei.
- Porque você quer ficar afastada das outras pessoas? - perguntou. Dava para ter certeza de que ele estava curioso.
- Só não quero encontrar algum conhecido, só isso. - respondi-o.
- Alguma pessoa em especial? - perguntou. Minha tensão estava aumentando, junto com a curiosidade dele.
- Não - falei com uma certa agilidade na voz - bom, eu tenho que desligar agora. Estou cheia de fome e preciso pôr um roupa.
- Aposto que você fica melhor sem roupa - falou em um tom safado e pude escutar ele dando uma risada abafada - desculpa, foi brincadeira... Vai lá, depois eu te ligo e te informo a hora que passarei ai para te pegar - acrescentou e eu apenas assenti e desliguei o telefone.
Acho que certo tempo atrás eu nem imaginaria que aquilo estaria acontecendo comigo, sabe?
Um dia você é ignorada pelo garoto que você gosta, e no outro está até marcando encontros com ele. Coisa doida, não?
Não sei ao certo como isso tudo ocorreu. 
Aconteceu tão rápido que chega a dar um frio na barriga, só de pensar que estou me precipitando em relação ao Neymar.
Eu sei como ele é, como ele age. Mas eu não sei o que ele acha em relação a mim. Isso é uma das coisas que eu talvez não irei conseguir desvendar dele.
Outra coisa que eu não vou conseguir desvendar é a razão dele estar se aproximando de mim, entende?
Ele não podia apenas ter pedido ajuda no trabalho e depois ter me esquecido? Não, não estou dizendo que não gosto do fato de ele estar se aproximando de mim. Só não entendo como ele pode querer algo com a minha pessoa. Logo eu, um ser tão insignificante
Posso ter minhas qualidades, porém minha lista de defeitos é maior.
E não, não estou me diminuindo. Apenas sendo sincera em relação ao que eu acho de mim.
Sei que posso me arriscar fazendo isso. Aliás, depois do que aconteceu hoje na escola, me fez ter mais certeza ainda que "eu+Neymar" não irá dar certo. Não mesmo.
Neymar tem vááárias meninas atrás dele, e eu? Bom, o máximo que eu tenho é os caras bêbados das boates que eu ás vezes, isto é, raramente, vou com a Jessie. 
E isso só me faz ter mais medo ainda.
Neymar não é pro meu bico, isso é certo. Mas já que eu realmente gosto dele, na verdade amo-o, a única opção é correr atrás e tentar conseguir o cargo de senhora Da Silva Santos.
Meus pensamentos foram interrompidos com o toque de meu celular. Dessa vez era Jessie.
- Alô? - atendi.
- Megan? Tá bem? Tá viva? - escutei Jess falar do outro lado da linha.
- Estou, porque? - perguntei.
- Neymar ficou procurando por você no final das aulas e você não atendia o telefone. Eu fiquei preocupada - Jess falou com uma voz calma.
- Amiga, eu estou com medo - falei espontaneamente. Eu estava disposta a contar pra ela o que tinha acontecido naquela tarde.
- De que? - Jess começou a ficar curiosa.
- Eu não posso te falar por telefone. Vem aqui em casa e eu te explico - falei com receio. O medo estava vindo á tona.
- Megan, você realmente está bem? O que aconteceu? - um tom de preocupação se misturou a curiosidade na voz de Jess.
- Por favor, só vem. - falei em um certo pânico.
- Estou ai em 5 minutos - falou e rapidamente desligou.
Respirei fundo tentando conter o choro e taquei o celular em cima da cama. Dei uma fungada no nariz e fui em direção ao meu armário pegar uma roupa para vestir. 
Abri minha gaveta de peças íntimas e notei que tinha um hematoma bem escuro no meu braço. Assim que botei a lingerie, coloquei um vestidinho solto, já que não iria sair de casa no momento.
Desci as escadas e fui em busca de algo para comer. Revirei a geladeira e felizmente encontrei um pedaço de lasanha.
Coloquei a lasanha dentro do microondas e coloquei suco em um copo enquanto ela esquentava. 
Assim que acabou, peguei o copo e o prato e fui pra sala comer enquanto assistia televisão.
Antes mesmo que eu tomasse coragem para levantar e levar o prato até a pia, a campainha tocou. Gritei perguntando quem era e Jessie respondeu já adentrando a casa. Aproveitei que ela estava em pé e pedi-a para que colocasse o prato e o copo na pia para mim. Assim que ela voltou da cozinha, reclamando, sentou-se do meu lado no sofá e percebeu que eu estava tensa.
- O que aconteceu? Fala. - enquanto falava, Jess olhava dentro dos meus olhos.
- Jess, eu estou com medo, muito medo - entrei em um pânico instantâneo e comecei a chorar.
- Megan, o que foi? - ela perguntou assustada.
- Eu não posso contar, mas por favor, me promete que sempre irá estar do meu lado e me proteger? - pedi enquanto soluçava.
- Proteger? Como assim? Megan, alguém quer fazer alguma coisa com você? - perguntou espantada. Apenas assenti com a cabeça e abracei ela, chorando mais ainda.
- Apenas me promete - solucei e me livrei de seus braços - que não irá deixar ninguém fazer nada comigo. Por favor - implorei enquanto chorava. Uma dos meus defeitos é ser muito sensível.
- Ok, mas me responde, é alguém que eu conheça? Alguém próximo? Foi o Neymar? - ela estava ficando louca.
- Não - falei em um berro de choro.
- Então me diz, quem é? - ela perguntou enquanto passava a mão pelos meus cabelos.
- Eu não posso. Desculpe, mas eu não posso - solucei novamente e me levantei do sofá em um pulo. Dei cerca de 3 passos e coloquei a mão na cabeça. Tomei coragem e me virei, encarando Jessie que continuava sentada no sofá apreensiva. Pude perceber Jess fitando minha coxa descoberta, por conta do tamanho do vestido.
- Que roxo é esse na sua perna, Meg? - Jessie perguntou preocupada e logo fitou meu rosto. - Tem alguma coisa haver com esse segredo que você não pode me contar? - ela perguntou. Engoli a seco e assenti.
- Sim, mas por favor, não se preocupe com os hematomas. Isso não é nada em comparação ao que pode acontecer. - falei. Merda, não era para eu ter dito isso.
- Megan, a cada segundo você está me deixando mais preocupada ainda, então dá para pelo menos me dar uma dica do que aconteceu? - ela perguntou tensa. Limpei minhas lágrimas com a palma da mão.
- Desculpe, mas eu realmente não pos... - fui interrompida com o barulho do meu celular. Era uma mensagem de Neymar.
Já saí de casa e já já estou ai. Espero que consiga ficar pronta em 10 minutos. Beijos, Ney.
- Eu preciso me arrumar - falei, porém, mais para mim mesma do que para a Jessie. 
- Calma, ainda não acabamos de conversar - ela falou tentando me impedir enquanto eu ia em direção as escadas rapidamente.
- Desculpa Jess, mas eu realmente preciso me arrumar. O Ney vai estar aqui em menos de 10 minutos - falei já subindo as escadas.
- Ney? Até apelidinhos vocês estão trocando? - ela falou em uma voz totalmente irônica.
- Não começa, Jess. Ele gosta que o chame assim, só isso - gritei do corredor do segundo andar da casa. Fui para meu quarto e fechei a porta.
Ok, próxima missão: esconder os hematomas do meu corpo com roupas longas.
A sorte é que o tempo estava úmido.
Coloquei uma calça jeans escura e uma blusa bege de manga longa, só que o tecido era fininho.
Para cobrir os pés coloquei minha botinha de cano curto, sem salto, também bege.
Corri para o banheiro e tentei dar uma ajeitada no cabelo. Uma escovada ali, uma escovada aqui e acabei deixando ele solto mesmo.
Peguei meu rímel e dei uma passadinha nos meus cílios. E não, eu não gosto de maquiagem. Mas qual o problema de tentar ficar mais bonita para ir em um encontro com o garoto dos seus sonhos?
Enquanto passava o brilho labial escutei um barulho de buzina e fui correndo para a janela ver quem era. E eu estava certa. Neymar tinha chegado.
Desci as escadas correndo e me deparei com Jessie assistindo TV deitada no sofá.
- Ué, vai ficar ai? - perguntei enquanto pegava meu celular e colocava no bolso.
- É néh, já que minha melhor amiga vai sair com o garoto da vida dela e minha mãe não me quer em casa, já que ela está dando faxina - Jess falou totalmente entediada e eu ri da expressão de sofrida dela.
- Calma, depois eu volto - falei rindo, enquanto pegava o dinheiro em cima da mesa e colocava no bolso desocupado. Logo, fui em direção a porta e abri-a.
- Já é, bom encontro - ela falou mudando de canal.
- Valeu - respondi antes de fechar a porta e ir em direção ao carro do Neymar parado na calçada da minha casa.
Respira Megan, respira. É apenas um encontro. Você só tem que tomar cuidado em não abrir essa sua boca grande.
Mas a tensão tomava conta. Eu não fazia a mínima ideia do que estava por vir.

COÉEEEEEEEEEEE GATINHAS! COMO VOCÊS SABEM ESSA HISTÓRIA É DA GATA THAY, POREM ELA É MEIO LERDINHA SABE?! HGYEHUJ MENTIRA, MINHA NICK MINAJ! ENTÃO, COMENTEEEEEEEM!

Illusion - parte 7


A luz da lua iluminava parte de meu quarto. O som das folhas das árvores balançando no lado de fora dava um aspecto calmo, por mais que alguns galhos uma vez ou outra batiam na janela de meu quarto. O cheiro era de pinheiro, como sempre. O vento úmido entrava pelas janelas, balançando as cortinas. Era o momento certo para fazer algo especial. Ler um livro, pensar na vida, ou até mesmo trocar carícias com o amor da sua vida. Eu me sentia livre, completamente livre. Como se meus problemas não existissem, como se fosse só eu no mundo. Me encontrava deitada na minha cama, perto da janela, fazendo com que a lua iluminasse parte de meu rosto. Minha respiração estava controlada, assim como meus pensamentos, que foram interrompidos com barulhos na janela. Levantei meu tronco, fazendo eu me sentar na cama, apoiando meus cotovelos no colchão. Fitei a janela por um tempo esperando saber de onde vinha o barulho e vi uma pedinha batendo no vidro. Levantei por completo rapidamente e me aproximei mais da janela, tendo uma visão da rua lá fora. Abri-a e enfiei a cabeça pro lado de fora, notando que além da escuridão havia uma pessoa parada lá embaixo me fitando. Rapidamente reconheci. Era ele. O garoto dos meus sonhos. O garoto na qual eu pretendia ter no meu futuro. O garoto da minha vida. Sorri instantaneamente ao ver seu sorriso branco, por mais que fosse difícil enxergar. Em uma ação rápida, ele começou a subir na árvore que ficava posicionada bem ao lado da minha janela, que graças a alguns galhos fortes, dava pra chegar até meu quarto. Observei-o fazendo o percurso, como se fosse a coisa mais fácil do mundo, até finalmente poder ver seu rosto de perto. Afastei-me um pouco da janela pra que ele pudesse entrar pela mesma, assim feito. Assim que seus pés pisaram no chão de meu quarto, seu olhar se direcionou a mim, acompanhado de um sorriso nos lábios. Estremeci. Aquilo não parecia ser real, de jeito nenhum. Sua pessoa me fazia sentir arrepios. Era torturante o modo que eu me sentia em relação a ele. Sua mão se ergueu lentamente enquanto ele dava passos em minha direção, até finalmente seus dedos magros tocarem meu rosto, mais explicadamente, minha bochecha. Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo com seu toque. Como eu mencionara antes, aquilo não parecia ser real. Nossos corpos cada vez ficavam mais próximos, e, minha respiração cada vez ficava mais pesada.  Chegamos a uma distância tão curta que eu podia sentir seu corpo tocar no meu, o que fez eu me arrepiar mais ainda. Nossas bocas estavam tomando o mesmo rumo que nossos corpos, se aproximando cada vez mais. Antes que eu fechasse os olhos, para sentir aquele momento mais intensamente, visualizei aqueles olhos cor de mel, guardando-o em minha mente. Sua respiração estava calma, diferente da minha. E finalmente seu lábios me tocaram, revelando que não há no mundo sensação melhor que aquela. Meus ombros se relaxaram assim que sua língua invadiu minha boca deixando rastros inesquecíveis. Sua mão segurou minha nuca, aprofundando mais o beijo. Nada, além da beleza de seus olhos,  se quer passavam em minha mente agora. Caindo, era exatamente assim que eu me sentia. Caindo em um poço de pura luxúria, onde seu toque fosse apenas a minha salvação. Cada célula do meu corpo implorava para que aquilo fosse para sempre. Senti uma certa agitação e curiosa abri meus olhos. De repente meu mundo caiu. Observei aquele ser em minha frente com medo. Aquele não era o eymar, quero dizer, era, porém não era ao mesmo tempo. Seus dentes que antes eram brancos agora estavam amarelados e pontudos. Seus olhos que continham cor de ouro se tornaram um poço obscuro na cor de sangue. Sua boca levemente rosada estava pálida. Mas o que me chamou atenção foi seu sorriso. Em seu belo rosto não tinha aquele sorriso de conquistador, muito menos de felicidade. Era um sorriso de maldade, pura dor e maldade. Senti meu estômago revirar. Meu cérebro já tinha mandado uma mensagem para todo o meu corpo avisando que eu estava em perigo. O pânico subiu a minha cabeça e uma sensação ruim tomou conta de tudo. Minha respiração estava pesada por conta do medo. E antes que eu tentasse entender ou distinguir o que poderia ser aquela criatura horrenda, senti minhas costas entrarem em contato com a porta do meu quarto agressivamente. Levantei a cabeça e tive a certeza de que aquele monstro tinha me empurrado com uma tamanha força sobrenatural. Com o corpo no chão senti a criatura se aproximar de mim e se agachar ao meu lado. Sua mão que continha longos dedos com unhas compridas e sujas seguraram meu rosto, puxando-o próximo ao seu. E naquele silêncio suas palavras ficaram bem claras, quando ele disse vagarosamente em meu ouvido. "Sua iludida" foi ecoado naquele quarto por uma voz que eu tinha certeza de que não pertencia a Neymar, mas sim a criatura que ele havia se transformado. Em seguida, uma risada maléfica foi escutada como um eco. Seus dentes pontudos começaram a se aproximar de meu rosto, como se ele fosse me engolir. Cada célula de meu corpo sentia medo. E antes que eu fechasse os olhos por conta do pânico, aquele ser de outro mundo falou pausadamente e lentamente "eu não sou seu". Logo, senti uma pancada forte na cabeça e apaguei.

Acordei assustada e soando frio. Tenho que me lembrar de não comer coisas gordurosas antes de dormir. Olhei no relógio que ficava na mesinha de cabeceira ao meu lado e marcava 4:23 da manhã. Pelo jeito eu teria problemas para dormir novamente. Coloquei meus pés no chão e procurei coragem para levantar e ir até a cozinha beber um copo de água. Percebi que a janela estava aberta, deixando o quarto úmido e frio. Fechei-a, mas antes olhei para baixo lembrando de meu sonho que no final se tornou um pesadelo. Atravessei o quarto e abri a porta. Caminhei pelo corredor porém antes passei pelo quarto de minha mãe e verifiquei se ela continuara a dormir. Desci as escadas escutando meus passos naquele enorme silêncio que a casa proporcionara e fui até a cozinha. Liguei a luz e abri a geladeira pegando uma jarra d'água e depositando em um copo de vidro que estava no escorredor. Engoli a água rapidamente e guardei a jarra de volta na geladeira. Voltei ao meu quarto enquanto cantarolava baixinho e antes de me deitar pude perceber que a tela de meu celular estava acesa. Fui até o mesmo e percebi que acabara de receber uma mensagem. Destravei a tela e abri a mensagem. Era de um número desconhecido.
Oi, bom, é o Neymar  :)  Sei que já é de madrugada porém eu estava aqui fuxicando meu celular e lembrei que tinha pego seu número no seu celular enquanto você foi ao banheiro aqui em casa. Quando você acordar provavelmente verá essa mensagem, então, será que teria como eu passar ai pra te buscar e podermos ir pra escola juntos? É isso. Beijos, Ney.
Visualizei a mensagem com um sorriso no rosto e coloquei o celular de volta na mesinha de cabeceira. Deitei na cama e me cobri, ainda sorrindo. E uma coisa que eu achei que não iria acontecer, aconteceu. Eu dormi rapidamente.

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- Jess? - falei enquanto escutava alguém atender o telefone.
- Oi amiga, desculpa a demora, é que eu acordei atrasada, mas já já estou saindo de casa pra ir ai te buscar - escutei ela falando rapidamente do outro lado da linha.
- Era exatamente sobre isso que eu queria falar com você... Bem, você não precisa vir aqui me buscar não. - falei e por mais que eu estava longe dela, tinha a certeza de que ela levantou uma das sobrancelhas.
- Por que não? - perguntou.
- Neymar vai passar aqui pra me buscar e nós irmos pra escola juntos - falei meio apreensiva e pude escutar Jessie bufando do outro lado da linha.
- Ok, já que é assim, vou comer meu pão com queijo calmamente - ela falou.
- Bom... Te vejo na escola então? - perguntei pra aliviar um pouco a tensão. Eu tinha certeza de que ela estava brava comigo.
- É néh, fazer o que... - falou e desligou após eu dizer um "ok, então tchau".

Levei a maçã verde que eu estava comendo à boca novamente abocanhando-a pela última vez e joguei-a no lixo. Peguei o dinheiro da merenda e meu celular que estava em cima da bancada da cozinha, colocando-os no bolso traseiro da calça. Fui até a sala pra poder ver TV enquanto esperava Neymar, porém, antes mesmo de eu pegar o controle remoto, ouvi uma buzina no lado de fora da casa. Olhei pela janela e vi o carro de Neymar parado com ele dentro ascendo pra mim enquanto sorria. Peguei minha mochila que estava jogada no sofá e coloquei em um dos ombros. Fui até a porta principal e abri-a, saindo pela mesma e fechando. Não me importei de me despedir de minha mãe já que eu tinha a certeza de que ela estaria dormindo. Coloquei o molho de chaves no bolso e caminhei até  o carro de Neymar, abrindo a porta e entrando. Antes de fechar a porta cumprimentei Neymar com um beijo na bochecha. Com as portas travadas, ele partiu com o carro em direção a escola.

Assumo que o caminho foi meio silencioso, já que eu não tinha muito assunto e disposição pra conversar com ele. Apesar das poucas palavras que trocamos, a carona até que foi agradável, confesso. Neymar mesmo percebendo minha indisponibilidade de conversa continuou sorrindo e sendo gentil o caminho todo. E essa tal atitude dele me deixou mais apaixonada ainda.

Ao chegarmos na escola todos os alunos que estavam no estacionamento, sem exceção, olharam para nós indignados e curiosos. Mas é claro que tiveram motivo pra olhar. Nunca pensaram que o garoto mais bonito do universo daria uma carona pra uma... ninguém.

Sim, é isso que eu sou. Uma ninguém.

E eu confesso que até eu me surpreendi com a longitude das coisas. Tipo, é meio surreal, não? Sendo ou não, eu me senti completamente um E.T.
Nunca tinha recebido tantos olhares de tantas pessoas na vida, exceto nas vezes que paguei o maior mico, como escorregar no suco de uva derramado no chão e derrubar minha bandeja de comida toda em cima de mim, como aconteceu no refeitório da escola há uns 2 anos atrás. E sim, eu fiquei chorando de vergonha a tarde toda.
Mas chegar na escola com o garoto dos meus sonhos, sem contar que ele é o mais desejado pelas piriguetes e não-piriguetes, é algo totalmente inacreditável. Nunca imaginei que isso aconteceria, com exceção de meus sonhos, óbvio.

Adentrei a escola com o braço de Neymar envolvendo meus ombros e novamente eu fui alvo de olhares curiosos. Mas não culpei ninguém pela curiosidade. Se era difícil para eu acreditar, imagine eles? 
Aproveitei o fato de o Neymar ter parado pra conversar com os amigos, que fizeram a mesma coisa que os outros alunos no fato de tentar entender a nossa situação, e me livrei de seus braços, fugindo dele rapidamente sem ele perceber. Graças.
Andei apressadamente até meu armário e peguei o material para a minha primeira aula. Seria Ed. Física, e adivinha? Neymar teria a mesma aula que eu.
Porém eu sempre fico sentada na arquibancada apreciando os jogadores, ao invés de colocar aquele mini short, que era o uniforme, e ficar correndo de um lado pro outro igual as patricinhas que só faziam isso pra chamar atenção dos garotos com seus gritinhos aterrorizantes que elas davam a cada vez que a bola vinha na direção delas.
Me sentei na arquibancada na mesma região de sempre, no final da quadra, longe de todos. Peguei meu celular e conectei o fone de ouvido no mesmo, colocando "I'm Not Afraid" do Eminem pra tocar. Enfiei minhas mãos nos bolsos do moletom e apoiei minha cabeça na parede, já pensando no belo cochilo que eu iria dar. Mas antes que eu pudesse ter um palpite do sonho da vez, senti alguém me sacudir e tirar os fones do meu ouvido.
- Ei, Megan - escutei aquela voz que eu reconheceria a quilômetros de distância.
- Sim? - assenti enquanto olhava Neymar em pé ao meu lado.
- Que tal uma partida de basquete? - perguntou com um sorriso e eu entrei em pânico.
- Acho melhor não - falei nervosamente e ele deu uma risada e se agachou, colocando a mão em meu ombro.
- Vamos, por favor - ele pediu sorrindo lindamente. Era impossível recusar algo vindo dele,
- Ta bom - sorri sem amostrar os dentes e me levantei, tirando a música do celular e enfiando o mesmo com o fone de ouvido no bolso da calça.
Com a companhia de Justin fui até o centro da quadra onde estava a maioria do povo da minha sala. Os alunos, principalmente Thifanny, me encararam com um certo... nojo. Ignorei e percebi que Neymar tinha feito o mesmo.
O professor passou as regras e o jogo começou. Eu fiz o máximo pra correr da bola, assim não teria que mexer meu corpo. Eu parecia uma lesma no meio da quadra.
- Vamos, se mova - Neymar gritou pra mim como se tivesse me motivando a jogar.
A bola, infelizmente, foi parar em minha direção e graças ao meu bom reflexo eu agarrei. Arrependida, eu não sabia se passava a bola para alguém ou tacava na cesta localizada acima de mim, enquanto todos corriam na minha direção. Então, não vendo saída, arremessei a bola para o alto e BAM. Cesta. As garotas olharam para mim como se eu tivesse acabado com a festa delas, o que eu não entendi, já que eu era do time delas. Dos garotos eu recebi alguns elogios como "boa jogada" ou então "é isso aê, direto na cesta". Bom, e do Neymar .. Eu recebi um abraço. Sim, um abraço.
- Eu sabia que você era boa no basquete - Neymar falou enquanto estávamos abraçados.
- Mas eu não sou boa no basquete... Não é só porque eu fiz uma cesta que eu seja boa - falei tentando não ser meio... grosseira.
- Acredite, você é boa. Eu jogo basquete com essas garotas há um bom tempo e na boa, eu nunca vi elas se quer conseguirem ficar com a bola nas mãos por 5 segundos - Neymar comentou em um tom engraçado e eu ri.
- Nossa - falei e ele me soltou de seus braços.
- Que decadência - ouvi o comentário de Thifanny antes mesmo que Neymar e eu voltássemos ao jogo.
- Desculpa, mas você falou alguma coisa? - Neymar que estava indo ao centro da quadra, parou e voltou aonde estávamos.
- Sim - ela falou séria - eu disse "que decadência" - Thifanny fez questão de dar um ênfase, o que fez Neymar arquear uma sobrancelha - nunca pensei que você abaixaria tanto seu nível a ponto de sair com essa ai - falou e deu um olhar de desprezo pra mim. Com certeza alguma cobaia dela já tinha lhe dito sobre eu e Neymar ermos chegado a escola juntos.
- Considerando o fato de que eu já sai com você, acho que sair com a Meg é uma melhoria no meu talento de escolher garotas - Neymar disse sério e pude perceber Thifanny ficar meio alterada, ainda mais quando Neymar me chamou de "Meg".
- Você acha que essa ninguém chuparia seu pau melhor do que eu? - Thifanny rebateu e escutei uivos do pessoal que observava a "discussão".
- Primeiramente, essa "ninguém" - Neymar deu ênfase - tem nome e é Megan. E segundo, Meg não seria tão baixa a esse ponto, ainda mais de ter orgulho de falar isso alto - Neymar disse e mais uivos foram ouvidos. 
- Claro que ela nunca falaria, já que nunca teve a experiência de ir pra cama com você. Aliás, nem com você e nem com ninguém - ela falou e eu me senti totalmente humilhada por dentro. O povo não parava de uivar.
- Se teve ou não, isso não é da sua conta - Neymar disse firme.
- Dá pra perceber de longe que essa pirralha é virgem - ela falou rindo.
- Eu não sei se ela realmente é, porém, se eu fosse ela teria orgulho de chegar aos 16 sem dar pro primeiro que vê, que é o seu caso, Thifanny - Neymar rebateu com um sorriso irônico no rosto e os uivos aumentaram.
- Não acho que você realmente teria coragem de ter algo com essa daí - Thifanny tentou mudar de assunto vendo que se continuasse seria mais humilhada ainda.
- Por que não? Megan é uma garota excelente. Tem bons modos, é gentil, inteligente e um monte de coisas que eu não irei falar, já que isso não é do seu interesse - Neymar falou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
- É repugnante a ideia de você ficar com a garota mais patética da escola, então, eu prefiro não acreditar - Thifanny falou com uma das sobrancelhas arqueadas e Neymar deu uma risada com um tom indignado.
- É tão difícil de acreditar nisso? - Neymar disse e em um puxão pelo braço, me agarrou e me beijou na frente de todos que estavam ali presentes.
Sim, ele me beijou. Simples assim.
E acredite, por mais que eu talvez tenha consequências depois daquilo, aproveitei.
Não era todo dia que eu era beijada pelo amor da minha vida.